Após 20 anos, legado de Chico Science pulsa em dança, filmes e livro
No dia 2 de fevereiro de 1997, após um acidente de carro no percurso entre Recife e Olinda, morria aos 30 anos Francisco de Assis França Caldas Brandão
Há exatos 20 anos, o movimento manguebeat perdia seu maior expoente. No dia 2 de fevereiro de 1997, após um acidente de carro no percurso entre Recife e Olinda, morria aos 30 anos Francisco de Assis França Caldas Brandão, o Chico Science, líder da banda Nação Zumbi. No mesmo ano, o Grupo Experimental criou e apresentou um espetáculo de dança em homenagem a ele. “Zambo” volta aos palcos em nova versão, nesta quinta-feira (2), às 20h, no Espaço Experimental, sede da companhia no Recife Antigo.
“A montagem surgiu como uma forma de colocar para fora toda aquela falta que ele fazia. Inicialmente, seria um solo de Sonaly Macedo, que era amiga pessoal de Chico, mas acabou virando algo mais amplo, envolvendo todos do grupo”, relembra Mônica Lira, diretora da montagem.
Desta vez, a obra será executada pelo atual elenco da companhia, formado por Lilli Rocha, Gardênia Coleto, Jorge Kildery, Márcio Filho, Rafaella Trindade e Rebeca Gondim, com participação de Daniel Silva. Parte da trilha sonora será tocada ao vivo, por Tarcísio Resende, Paula Caal e Jennyfer Caldas.
Na sua concepção, “Zambo” teve inspiração na estética vivenciada durante o auge do manguebeat. Essas referências ainda estão em cena, mas remodeladas e adaptadas às circunstâncias atuais. “A base permanece a mesma, mas algumas cenas foram alteradas. Na verdade, nunca um espetáculo é montado da mesma maneira. Muitos dos bailarinos têm menos de 30 anos, portanto, nem chegaram a viver aquela época. Isso é bom, pois traz à tona para outra geração um ícone da nossa cultura”, afirma a coreógrafa.
O espetáculo foi encenado pela última vez em julho do ano passado, durante a 13ª edição da Mostra Brasileira de Dança, que prestou homenagem a Mônica Lira. Intitulada “Uma dança para Chico”, a nova apresentação encerra a campanha de financiamento “Amigos do Experimental”, que teve duração de dois meses. Nesse período, o grupo realizou diversas ações para arrecadar verbas com objetivo de manter suas atividades.
Permanência
“Chico Scince, por meio do manguebeat, mostrou para o Brasil que Pernambuco tem qualidade em sua produção musical. Ele conseguiu fazer isso com maestria, atraindo as atenções para todas as outras linguagens artísticas trabalhadas por aqui, incluindo a dança. Por isso, acho que o dia de hoje não é um dia para ficarmos tristes, mas para celebrarmos o fato dele seguir vivo em sua obra”, afirma Mônica Lira.
Outras homenagens devem ocorrer no mesmo dia. O Memorial Chico Science, mantido pela Prefeitura do Recife no Pátio de São Pedro, vai realizar uma exibição de filmes das 9h às 17h. Na programação, está o documentário “Chico Science - Caranguejo Elétrico”, dirigido por Eduardo Miglioli, além de uma mostra de “Corto Maltese”, animação que influenciou fortemente o músico pernambucano.
Também hoje, a Editora Panda Books (SP) lança em sua loja virtual e em livrarias nacionais a coleção “Movimentos Musicais”, desenvolvida pelos jornalistas Júlia Bezerra e Lucas Reginato. “Manguebeat” (176 páginas, R$ 35,90), uma das três edições, aborda o nascimento do movimento, dando especial atenção ao início da carreira de Science.
Confira abaixo alguns vídeos de Chico Science: