A bebida real
Dirá você, de que realeza? Tá certo, dependendo do rei ou da rainha, a predileção vai variar. Mas pra mim, já que acabaram com a realeza brasileira e Pelé não joga mais - ah, que saudade! - só existe uma, a britânica. E rainha, só Elizabeth. Sem mais conversa. De fato, leitor, nunca tivemos essa intimidade a ponto dela me revelar suas preferências, mas de um tempo pra cá foi divulgado - sem negativa do palácio - que Sua Majestade é boa de copo.
Vai ver por isso chegou com essa saúde toda, física e mental, aos 92 anos. Segundo o “The Independent”, invariavelmente, todo dia (os britânicos, você sabe, são tradicionais e avessos a mudar rotina), ela bebe quatro diferentes drinques. Antes do almoço, um coquetel de 1 parte de gin, 2 partes de Dubonnet, uma fatia de limão e gelo.
Não conhece Dubonnet? É um clássico aperitivo francês, a base de vinho fortificado, com cascas, especiarias, ervas e um toque de quinino. Foi criado em 1846 para o governo francês, que precisava fazer as tropas da Legião Estrangeira, sediadas no Norte da África, tomar o amargo quinino, preventivo de malária.
História muito semelhante à origem da água tônica. Bem, voltando a Elizabeth II, esse hábito ela aprendeu com a Rainha Mãe, que viveu 102 anos. Amigo, esse coquetel é bom, viu? Revela ainda o jornal que durante o almoço Sua Majestade toma vinho, arrematando com um Martini seco, para digestão. À noite, saboreia uma taça de champanhe.
Tudo isso colaborando com minha velha teoria que não existe problema em misturar bebidas. Mas enfim, depois de todas essas, qual a bebida real? Se de fato não é, pra mim, que sempre apreciei, vai ser o gin. Pronto! Classicamente muito consumido pelos ingleses, de uns tempos pra cá impregnou o paladar mundial. Inclusive o brasileiro. E o português.
Esse, então! Cada vez que visito aquele país fico mais impressionado como a terra do vinho do Porto está consumindo - e fabricando - gin. Bares especializados na bebida cada vez mais são encontrados. Na cidade de Guimarães - a despeito do nome, infelizmente, minha família não descende de lá, descende mesmo de... deixa pra lá - me deparei com pôster em um bar com ilustração de 49 diferentes marcas. Para cada uma delas, sugestão distinta de mistura.
A sofisticação com o gin chegou a esse ponto, leitor. Ora o melhor é usar frutas cítricas, ora outras frutas, ora pepino, ou ervas, chás, várias especiarias, sem limites para a imaginação. Ou ainda uma apurada mistura desses ingredientes. Sem contar a crescente exigência pela água tônica. Levando o preço desse outrora simples acompanhamento às alturas. Mas se for para chegar bem aos 90 ou 100 anos, tudo vale a pena! Não é?
Caso você queira testar, vou sugerir algumas marcas de gin que me agradaram bastante (sem demérito de outras, incluindo as mais conhecidas e menos “estreladas” Tanqueray, Gordon’s e Beefeater): No. 3 Gin, Gin Mare, G’Vine Floraison, London no. 1, Nordés, Elephant Gin, Monkey’s 47 e Martin Miller’s.
Se quiser um pouco de história sobre esta bebida, acesse pela internet o site da Folha e veja minha coluna do dia 08 de abril de 2016. Hoje vou atrás do Dubonnet. Para começar o regime de longevidade da fabulosa Elizabeth II. A ela (que nunca vai saber deste meu “toast”), tim, tim, brinde à vida.
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Outro mercado do vinho
Esse já consagrado evento enogastronômico vai ser reeditado por Fabiana Gonçalves, em associação ao Empório 4 Elementos. Desta vez acontece no O Pátio Café & Cozinha, nas graças, no sábado 04/08. Como sempre uma oportunidade para degustar bons vinhos e adquirir, com preços diferenciados, os preferidos. Acesse www.mercadovinhos.com.br.
*É médico é enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço.