A Herdade Grande
Não é só o nome, ela é grande mesmo, leitor. Essa vinícola possui 350 hectares no Alentejo, dos quais 60 ha são plantados com uvas e quase a mesma área com olivais. Pois é. Como você deve saber, o Alentejo é grande produtor de azeite e, considerando preços de hoje, uma cultura mais rentável que vinho.
Aproveitando para comentar sobre outro produto bastante explorado na região, o porco preto alimentado por bolotas (fruto dos carvalhos), que dá origem a uma carne e um presunto muito saudáveis, por serem ricos em gordura vegetal. Está liberado, viu amigo? Mas a Herdade Grande (HG) não se dedica a esta produção, privilegiando a agricultura.
Localizada na vila da Vidigueira, sub-região do Baixo Alentejo, desde 1920 está sob controle da mesma família, atualmente administrada pelo Antônio Lança. Que implantou vinhedos em 1980, vinificando as primeiras garrafas em 1997. Portanto, para padrões lusitanos, uma vinícola jovem.
Chegou recentemente ao nosso mercado pelas mãos de Fábio Costa, proprietário da também jovem importadora Casa Alta. Que em apenas três meses conseguiu colocar os vinhos HG em vários pontos de comercialização. Implicando na necessidade de conhecê-los.
Antes comentando que Antônio Lança atualmente conta com a ajuda da filha, a simpática e determinada Mariana, que veio nos falar sobre seus produtos, em agradável jantar na Tasquinha do Tio. Na conversa ficando claro para mim uma quedinha dela pelos brancos. E da Herdade pela experimentação, influenciada por uma paixão do Antônio pelos tintos do Douro.
Uma e outra conduzindo ao plantio de algumas castas não alentejanas nas suas terras. Estranhei, levando em conta o conhecido bairrismo português, mas Mariana explicou: “não há uvas tintas autóctones no Alentejo, (quase) todas tem origem em outras regiões”. Abrindo portas para usar castas do Douro nos seus vinhos. Além de brancas do Minho e da França. Claro, todas elas associadas às tradicionais uvas locais.
O resultado, lhe apresento aqui. A linha de abertura, mais em conta, é o Monte das Talhas, cujo branco tem bastante frescor. Monte das Talhas que também existe no estilo reserva, de sabor mais denso. Acima delas, o HG Gerações e no topo da gama o Herdade Grande Reserva, como esperado, vinhos mais encorpados e persistentes.
Todos existindo nas versões branca e tinta. Com preços entre R$ 45 e R$ 300. Apreciei muito os vinhos que degustei, leitor. Sem dúvidas, engrandecidos pela elucidativa exposição da Mariana Lança. Para concluir, só faltando ressaltar um ditado do grande Fernando Pessoa, exibido no site da Herdade Grande: “boa é a vida, melhor é o vinho!” Com essas inspiradoras palavras, meu tim, tim, brinde à vida! P.S.
Um brinde também a Harry, a Meghan e à realeza britânica (apesar do biótipo brasileiro, tenho uma alma inglesa, amigo). Em homenagem a eles, na próxima coluna falarei de gins).
EM DESTAQUE
Mercado de vinhos em Olinda
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*É médico e enólogo e escreve quinzenalmente neste espaço