A linda Maria Izabel
Finalmente a conheci. Fique tranquilo, endoidei não amigo. Não estou tecendo elogios a uma mulher com esse nome, que D. Ana lê minha coluna e iria... Sei nem o quê. Falo da Quinta Maria Izabel (QMI), um pedacinho de Pernambuco lá no Douro. Ousado projeto dos amigos João Carlos e Reginaldo Paes Mendonça, essa vinícola está em atividade há seis anos e só agora fui visita-la. Pecado todo mundo comete, não é? Mas a gente reconhece e se penitencia. Foi o que fiz, acompanhado de minha família, mês passado. Ficamos encantados com o que vimos. Desde a situação geográfica, no alto das encostas ribeirinhas do Douro, descortinando uma vista deslumbrante, às dependências físicas da vinícola, tudo é privilegiado. O bem cuidado campo, com 130 hectares, alguns deles de vinhas velhas e a bela “casa grande”, completam o cenário. Mas isso pouco significaria, se os vinhos não tivessem qualidade. Tá bem, você poderia achar minha opinião distorcida, em face do bem querer que nutro pelos proprietários. Então vou lhe esclarecer.
Diante da minha ausência temporária do SABORES, você pode ter desconfiado que eu estava de férias. Acertou, leitor! Além da quinta, andei por outros locais da “terrinha” e para minha grata surpresa, me deparei com garrafas da QMI em vários restaurantes que frequentei. Curioso, indagava qual a aceitação dos vinhos, sempre ouvindo bons comentários. Mais que isso, também as encontrei na garrafeira Estado d’Alma, em Lisboa, onde o sommelier João fez elogios à produção da quinta. Chegando a classificar o M.I. como uma das melhores relações qualidade-preço de Portugal. E olhe bem, a faixa de preços se equiparava a notórios produtos da vitivinicultura lusitana. Soube que o mesmo ocorre na Garrafeira Nacional, outra famosa loja de vinhos de Lisboa. Respaldando tudo isso, tenho informação que os alemães, na mesma linha dos portugueses, estão comprando bem os vinhos da Maria Izabel. Que tem hoje uma ampla gama de produtos, todos disponíveis em Recife. Você conhece, não é? Ainda não? Então vou lhe apresentar. Em todas as linhas há tintos e brancos - aliás, esses últimos tem se destacado bastante. Começando pelo Vinho do Poeta, passa pelo M.I., Maria Izabel (que inclui um rosé), Quinta Maria Izabel, Vinhas da Princesa e o caçula Sublime (esse só tinto, com um caráter dos bons vinhos da Borgonha). Há também um espumante e em breve sairá um saboroso azeite, que tivemos o privilégio de provar. Em um agradável e delicioso almoço, gentilmente oferecido por Auxiliadora e João Carlos. Tendo no comando da cozinha outra Izabel. Camarada, tô achando que esse nome é sinônimo de qualidade! Só faltando falar dos funcionários que nos acompanharam no almoço e na visita à vinícola. Sem esquecer jamais dos que lá não estavam, Tiago, José Carlos, Nuno e Ricardo formam uma competente equipe. Ah, se o Sport Recife... Está estranhando, não é? Você acha que eu ia zoar com o Náutico em um artigo sobre a quinta de João Carlos? No começo eu disse que não endoidei, lembra amigo? E hoje concluo com uma taça do branco Quinta Maria Izabel (obrigado amigo Zé) e um sonoro tim, tim, brinde à vida.
*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço