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A paulista Guaspari

Vinícola Guaspari, no Espírito Santo, está investindo forte no enoturismo

Vinícolas têm prosperado no Brasil - Juan José Berhó /Pixabay

Pois é, leitor, a locomotiva brasileira também tem vinícolas. Os “pôlistas” não descansam, produzem de tudo. Não iriam deixar vinhos só para os gaúchos e os nordestinos do Vale do São Francisco, não é? Já existe hoje um bom número delas em terras bandeirantes, especialmente na região noroeste, próximo à divisa com Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira. Onde se localiza Espírito Santo do Pinhal, município que sedia a vinícola Guaspari. Cuja história começou em 2001, quando a família de mesmo nome, de origem italiana, do ramo de mineração, chega a esta região tradicionalmente cafeeira. Nesse ramo, sim, São Paulo sempre teve tradição, amigo! Bem, adquiriram uma antiga fazenda de café e identificaram no local, situado a mais de 1.000 metros de altitude, condições de solo (seco e granítico) e de clima adequadas para viticultura.


Na verdade, o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, quando visitou o Brasil no século XIX, já ressaltara essa vocação vinífera da região. Os Guaspari enxergaram também ali semelhança geográfica com a Toscana, estimulando-os a estudos mais profundos sobre a vitivinicultura, velho sonho da família. Em 2006 plantaram, em 6 hectares, as primeiras mudas de videiras, para uma colheita de 30 garrafas, dois anos após. O resultado os entusiasmou a aumentar o plantio e a produção, colocando as primeiras garrafas no mercado em 2014. Hoje são 60 hectares de vinhedos, com várias castas. Além de uvas, há plantios de oliveiras, macadâmias e a preservação dos cafezais. Que gera cafés de alto nível, posso atestar.


Voltando aos vinhos, a Guaspari está investindo forte no enoturismo. O que me levou, juntamente com esposa e filha - gratidão eterna por esse presente de aniversário que me deram! - a fazer um passeio enogastronômico na vinícola. Nos hospedamos na pitoresca e agradável Pousada Famiglia Barthô. De onde partimos para a visita guiada. Muito profissional, revelando uma estrutura agrícola e de fabricação de alto nível. Chama atenção, entre outras coisas, o tamanho da empresa, com 150 funcionários! Aliás, muito, para uma vinícola. Ao final do tour, fomos servidos com um rico almoço, em qualidade e volume, harmonizado com brancos, rosés e tintos. Tudo excelente! 


Nesse ponto, necessário se faz comentar um lado técnico da produção. Não gosta disso, leitor? Tenha paciência e não largue a leitura, viu? O clima no sudeste brasileiro é meio “esquisito”. Como sabemos, as chuvas fortes, em vez do outono, ocorrem no verão, pouco antes da época teórica de colheita. A água em excesso gera uvas diluídas, pobres para fazer vinho. Foi aí que entrou a sapiência de um xará, Murillo de Albuquerque Regina - esses Murilo são craques; um dia vocês conhecerão esse meu lado! Que desenvolveu um sistema de dupla poda: no verão, permitindo reflorescimento da planta e agora, no final do inverno, a da colheita.

Em lugar de uma única poda, anual, como em todo mundo. E com essa dupla poda funcionam todas as plantações de uva naquela região. Com ótimo resultado. Faltando falar de vinhos da Guaspari, que têm recebido muitas e destacadas premiações no exterior. Começando pela linha Vale da Pedra, onde destaco o branco, corte de Sauvignon Blanc, Chardonnay e Viognier. Depois a linha Vista (conforme a posição visual do vinhedo, Vista do Bosque, da Mata, da Serra, etc), onde pontificam o Vista do Café Sauvignon Blanc e o Vista do Café Syrah. Sem esquecer o top de linha Terroir Pinot Noir. Concluo dizendo que a casta Syrah é a grande estrela da Serra da Mantiqueira. 


Testem. Não é barato, mas vale a pena. 
Tim, tim, brinde à vida. 

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