A Revista de Vinhos e a QMI
Leitor, você acha que já estou passeando com o amigo Alzheimer (sim, penso que sendo amigo ele não me fará mal)? Que me esqueci da promessa de falar com mais detalhes dos Antinori? Non è vero! A cabeça ainda funciona bem, apesar dos poucos cabelos darem franqueado acesso aos raios solares (há “patrícios” que suspeitam de que possam “torrar os miolos”).
Mas notícias brotam e precisamos abordá-las na temporalidade, em detrimento dos artigos atemporais, acrônicos. Entendeu? Tá achando parecido com um discurso de político paulista do PSDB? Vôtes!
Que a esse tipo de fala, cada vez mais eu prefiro o estilo exacerbadamente direto e verborrágico do capitão. Sinceridade e transparência sempre na cabeceira. Mas deixa a política de lado, pra tanto fechando o assunto com meu LL (Lula “Locked”)!
A Revista de Vinhos - Essência do Vinho é um dos mais, ou o mais conceituado periódico de Portugal sobre o mundo enofílico. Seu sítio - como os lusitanos se referem a website! - é bastante interessante, rico em temas sobre enogastronomia e turismo.
Vale a visita, leitor: www.revistadevinhos.pt. Por que falo desta revista? É que na edição de julho de 2019 o jornalista Luís Costa escolheu escrever sobre a Quinta Maria Izabel (QMI). Começando por sua história recente, quando foi adquirida, em 2012, por João Carlos e Reginaldo Paes Mendonça, nossos conterrâneos.
Negócio que teve partida durante conversa em almoço no restaurante DOC, do Rui Paula, literalmente nas margens do rio Douro, a cerca de 2 Km da então Quinta da Folgosa (nome que foi alterado para o atual, em homenagem a Maria, primeiro nome da esposa de João Carlos e a princesa Izabel, filha de Pedro II, conectando Brasil a Portugal). Subiram a colina que leva à quinta, encantamento pela vista deslumbrante, preço acertado... Tiro na mosca!
Como já lhe falei anteriormente, muitos investimentos foram feitos e hoje, segundo o Luís Costa, a QMI está um “brinquinho”. São 140 hectares no total, sendo 80 de vinhas, das quais 10 hectares de vinhas velhas com mais de 90 anos. Uma preciosidade! Com diferentes exposições solares - importantíssimo para a viticultura - e altitudes que variam de 200 a 600 metros. Lá estão 16 castas diferentes e replantio de algumas poucas.
Tudo muito bem conduzido por Tiago Dias, José Carlos e Nuno Magalhães, auxiliados por uma cuidadosa equipe. No cérebro da enologia, o famoso Dirk Nieport. Como resultado, tintos e brancos de alta qualidade, que a Revista de Vinhos provou e pontuou. Todos, mesmo os de linhas mais simples, mereceram notas acima de 16 (para um máximo de 20, ou seja, nota 8 sobre 10).
Houve destaque para o tinto Sublime (nota 8,5), que mais lembra um Pinot Noir da Bourgogne que um vinho daquela região duriense. Realmente um tinto saborosamente intrigante! Os degustadores da revista também destacaram e deram altas notas aos tintos e brancos das linhas Vinhas da Princesa e Quinta Maria Izabel. Faltando dizer que o sucesso da QMI não se deve apenas aos portugueses de além-mar, pois cá temos o João Ferreira, da Importadora Ridouro, a divulgar - muito bem - a marca.
Não sei você, amigo, mas fico orgulhoso quando vejo conterrâneos nossos brilhando lá fora. Que assim se mantenham. Pensando bem, que brilhem cada vez mais. Nós, bebedores de bons vinhos, agradecemos. Tim, tim, brinde à vida.
*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço