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A última dos Moicanos

Vinho do Porto - Murilo Guimarães/Cortesia

Você leu o livro ou assistiu esse filme, leitor? Pelo menos o clássico do cinema, com Daniel Day-Lewis no papel principal, você deve ter visto. Não? Nesse caso me calo sobre o enredo para não atrapalhar sua futura diversão. Acreditando em sua curiosidade, penso que você vai procurar para ver o filme “O último dos Moicanos”, não é? Sem antecipar nada que estrague seu prazer, posso revelar que, ao final, Chingachgook se intitula o último dos Moicanos – tribo indígena norte-americana que, naqueles idos de 1757, habitava o estado de Nova Iorque, nordeste do país. Bravo guerreiro, ele logrou sobreviver às armadilhas e batalhas que precisou enfrentar.

Por que estou falando nisso, em espaço reservado a textos sobre os prazeres da vida? É que aqui também se faz reverências a pessoas e fatos especiais, leitor. Lembrei-me dessa história semana passada, quando subiu aos céus uma pessoa de grande, ainda que discreta, bravura. Ela que foi a última – eis aí o motivo do título – de uma geração de irmãos, cunhados e cunhadas que marcaram a história. Não só familiar, mas de Pernambuco, posso dizer. D. Gracita Monteiro Brennand, como era conhecida, partiu aos 94 anos de uma bela e rica crônica de vida. Junto a seu falecido esposo, Ricardo Brennand, construiu e abraçou uma grande família, da qual em nenhum momento se apartou. Além de colaborar decisivamente para as muitas realizações empresariais e culturais que Dr. Ricardo implantou no Brasil. Era celebrada pelo carinho que dava a quem dela se aproximava. Conforme o padre Bentinho, ela, uma católica de fé (tipo raro hoje em dia), colocava amor em tudo que fazia. De alma caridosa, encabeçou várias obras de filantropia, onde pontificava a sua tão querida creche da Várzea. Que administrou até perto de sua partida. Tinha afeição especial pelas plantas dos jardins de sua casa, nas matas da Várzea, que ela cuidava pessoalmente. Era famosa pelos quitutes e iguarias feitos em sua cozinha. O que rendeu um belo livro de deliciosas receitas, “À mesa com Graça”. Enfrentou com galhardia perda de familiares próximos, muito queridos, assim como algumas de suas patologias mais sérias. As quais venceu! Com exceção da última (infelizmente, sempre existe uma última que nos leva, não é amigo?). Mas deixou um exemplo de bravura e serenidade no enfrentamento desta sua prolongada doença, traços que impressionaram os profissionais de saúde que lhe deram suporte.

Como membro do clã Monteiro, família que ela tanto prezava, claro, gostava de um cálice de vinho! Mas bebia com grande moderação, no que não acompanhava os amados irmãos. Amigos, quando Ana Christina ler esse texto... rezem para eu continuar com vocês daqui a duas semanas! Mas reconheçamos, minha cara metade, Rômulo, meu querido sogro, era bom de copo, nas saudosas domingueiras.

Faltando dizer que Chingachgook, de fato, não foi o último dos Mocanos, tribo que persiste no mesmo estado de Nova Iorque. Por analogia, ao tempo que D. Gracita conclui a história de uma geração da sua família, abre portas para as sucessoras. Vamos fazer valer, gente!

Em homenagem a ela, que apreciava os tintos e vinho do Porto, com um cálice do Porto Monteiro, tim, tim, brinde à vida eterna!

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