Ano Novo
Outra passagem de ano, amigo! Você sabia que essa data já variou muito entre diferentes culturas? Já foi 21 de setembro, 21 de dezembro, 25 de março... Até que, em 46 a.C., por meio de um decreto – ah, houve época em que os decretos não tinham mal intenção! – Julio César fixou o 1º de janeiro como primeiro dia do ano. Paulatinamente as culturas cristãs passaram a aceitar este calendário, embora alguns países, tais como Alemanha e Inglaterra, só o tenham adotado no século XVIII.
Na França, a véspera de ano é conhecida como dia de São Silvestre (daí o nome da nossa famosa corrida) e a festa de passagem do ano, como “Reveillon” (que significa um despertar). Mais um. Meu septuagésimo primeiro “despertar”. Sempre, desde que me entendo de gente, com a usual reflexão que desagua em esperança de tudo melhorar. O que quase nunca acontece! Ou até piore, como nesse ano que terminou. Mais uma sangrenta guerra no mundo! Mais uma enxurrada de absurdos institucionais e éticos na política e no judiciário nacionais. Violência grassando, educação e saúde em frangalhos! E eu sem mais paciência de dizer: “deixa pra lá”.
Esse meu desalento se associando ao de Nizan Guanaes, que publicou nesses dias um polêmico artigo, onde expôs suas angústias e “chutou o pau da barraca”. Artigo que me lembrou de ter publicado essas linhas em dezembro de 2020: “Eu espero que neste ano que chega, você cometa erros. Porque, se você os faz, então estará fazendo coisas novas, tentando coisas novas, aprendendo, vivendo, se esforçando, se transformando, transformando seu mundo. Você estará fazendo coisas que nunca fez antes e mais importante, você estará fazendo alguma coisa.”..... “Cometa gloriosos e surpreendentes erros. Erros que ninguém jamais fez. Não se congele, não pare, não se preocupe se não for bom o suficiente, ou mesmo se não é perfeito, seja em que âmbito for: arte, ou amor, ou trabalho, ou família ou vida. O que quer que você esteja com medo de fazer, faça!” (tradução livre desse colunista do contemporâneo autor inglês, Neil Gaiman). Pois que assim seja em 2024, leitor, visto que ser certinho, no Brasil, não tem valia!
Amargurado, você deve estar me chamando. Pode ser. Meu realismo não me delega ilusões. Mas – há sempre um mas – o hábito é redigirmos mensagens de boa fé e otimismo para o ano que chega. Então vamos de Drummond. “Para ganhar um Ano Novo que mereça esse nome, você, meu caro, terá que merecê-lo, terá de fazê-lo novo. Eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”. Nem tão otimista assim, mas melhor que eu, sem dúvida!
Amigo, se você teve a paciência de ler esse “pote até aqui de mágoas”, pela gentileza merece tudo de bom, nesse 2024. Desculpe a grosseria, não só pela gentileza, né. Que nos próximos meses possamos voltar a falar de coisas boas e alegres, saborosas e bonitas. Hoje, com uma taça de champanhe, dedico a você, a meus amigos e familiares queridos que me dão carinho, um sonoro e – vá lá – esperançoso tim, tim, brinde à vida.
P.S. Pra não deixar de falar em vinhos, informo que há boas remarcações no mercado. Eu destaco ótimas opções na World Wine (Shopping RioMar) e Grand Cru (Black Angus).