Capital do vinho do Nordeste
Municípiop de Lagoa Grande, no sertão pernambucano, recebeu esse título
Você recebeu esse vídeo pelo Whatsapp? Não? Então seus amigos não gostam de vinho. Mude de amigos! No caso, você não deve saber onde isso fica, não é leitor? Mãos à obra, vamos começar. Lagoa Grande, no sertão pernambucano, recebeu esse título. Não sei quem deu, mas que recebeu, recebeu. Pelo menos nesse tal filminho! Este município, com cerca de 25 mil habitantes, fica lá pelas bandas do São Francisco, entre Santa Maria da Boa Vista e Petrolina.
Região árida que assistiu à chegada das uvas nos anos 60, pelas mãos da Cinzano. Que plantou a fruta para fazer Vermute. Plantação que foi ampliada na década seguinte, por vários produtores, inicialmente para consumo de uvas de mesa. Nos idos de 1970 ali se implantou a Vinícola do Vale do São Francisco, responsável pela conhecida linha de vinhos Botticelli. Depois chegaram outras, não só em Lagoa Grande, mas em cidades vizinhas, transpondo até a fronteira da Bahia. Hoje consta que são mais de 20 vinícolas, produzindo cerca de 5 milhões de litros de vinho/ano.
Mas no início, o clima, com a quase total falta de chuvas, era um grande desafio. Foi quando entrou a tecnologia da irrigação bem dosimetrada. Tirando proveito do Velho Chico, como carinhosamente chamamos o rio São Francisco. Hoje, em face do clima e dessa irrigação, são colhidas duas safras de uvas por ano. Sempre me questionei se isso era bom - você concorda que o parreiral fica sobrecarregado, estressado, com “síndrome de Bournout”!? Mas os viticultores gostam do faturamento, leitor. E os consumidores, do resultado. Várias castas estão difundidas pelos vinhedos da região. As brancas Chenin Blanc, Viognier e Moscatel.
Companheiras das tintas Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Tempranillo, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Malbec e Tannat; entre outras de menor importância. Além da produção de vinhos, há uma já bem sedimentada e estruturada indústria do enoturismo, com visita guiada em várias vinícolas do local. Destaco a Vitivinícola Santa Maria (Rio Sol), a Adega Bianchetti Tedesco, Vinícola Terroir do São Francisco (Garziera), a Mandacaru, Vinícola São Francisco (Botticelli) e Vinun Sancti Benedictus (VSB). Do lado de lá do São Francisco, na Bahia, ressalto a Miolo Terra Nova. Todas abertas à visitação pública, sob prévia reserva, claro.
O que me faz lembrar que estou em falta com a nossa capital nordestina do vinho, 2ª em produção no Brasil. É sempre assim, né amigo? Bisbilhotamos lá fora e esquecemos as nossas riquezas. Falando em riqueza, trago notícia bem fresquinha. No Concurso de Vinhos e Destilados do Brasil 2023, concluído semana passada, dois vinhos de Lagoa Grande receberam Grande Medalha de Ouro (premiação máxima). Ambos da poderosa Vinícola Rio Sol, pertencente à portuguesa Global Wines, com sede no Dão. Foram o Rio Sol gran reserva 2019 e o espumante Rio Sol brut. Parabéns!
Vou ficar por aqui prometendo a mim mesmo uma visita a nossas vinícolas, proximamente. Aproveito e revejo a pujante Petrolina.
Enquanto isso não chega, com uma taça de vinho nordestino, tim, tim, brinde à vida.