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Cerveja com whisky sour

Criatividade é o principal ingrediente para coquetéis - Da editoria de Arte

Calma. Leia. Mesmo que não goste de um ou de outro. Muito menos desta inusitada e exótica mistura etílica. Dê uma chance a esse texto. A mixologia tantas vezes se baseia em juntar sabores bem distintos, até mesmo opostos. Álcool e frutas, amargo e doce, cremoso e líquido, forte com suave... Se bem pensado e dosado, sempre resultando em coisa muito boa. Como também podem os iguais, quando associados.

A vida frequentemente imita a arte, leitor, tendo o ser humano como ator principal. Esta semana Deus convocou uma pessoa querida, tão enaltecida na sua trajetória terrestre. Relendo os jornais e mídias sociais encontro cordialidade, generosidade e espírito democrático entre suas qualidades mais citadas.

Devaneios à parte, de certa forma, atributos que os empedernidos amantes da cerveja conseguem encontrar nela. Nos últimos anos, era a bebida preferida de Armandinho, que enfrentava corajosamente - outra qualidade muito referida - os dissabores da “síndrome de Dumping”, indesejado fruto de uma antiga cirurgia de úlcera gástrica.

Para indisfarçada preocupação de Do Carmo, sua dedicada companheira. Ela, criteriosa consumidora de whisky, quer o clássico, apenas com gelo, quer sob a forma de um saboroso coquetel. Feito à base de Whisky (ou Bourbon), limão e açúcar, tem sua origem atribuída a Elliott Stubb, marinheiro inglês que aportou no Peru, nos idos de 1870. Já viu, não é, leitor? Trata-se do precursor da nossa caipirinha.

E do Pisco Sour. Açúcar entrando na receita para equilibrar o azedo do limão. Isso me reportando a uma domingueira na casa de meu sogro, irmão do citado Armando Monteiro Filho, que lá estava com Do Carmo. Que solicitou lhe preparasse um Whisky Sour, nome do tal coquetel. Faltou dizer que muitos “barmen” (ver na ADEGA) usam o açúcar em crosta na borda do copo. Receita que usei, no inegável intuito de me mostrar.

Mas Deus (ou Baco!) sabe porque, inadvertidamente, eu coloquei sal no lugar do açúcar! Ao passo que logo registrou a bizarra troca, com a usual gentileza, Do Carmo disse que iria tomar, pois estava bom (claro, só tomou esse primeiro gole). Tudo para deleite de Armandinho, que registrou: “deve estar extraordinário”!

Saudades da agradável conversa, sempre rica em “extraordinários” e de lhe servir uma cervejinha, por imperiosa necessidade, às vezes disfarçada! Mas confio que ainda prepararei muito whisky sour. Às claras. E com açúcar! Pois é amigo, a inusitada combinação de cerveja e whisky sour pode ficar excelente. Tim, tim, brinde à vida.

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Receita de whisky sour

Como de costume, há variantes. Uma das mais apreciadas usa:
1 dose de whisky (ou Bourbon)
½ dose de suco de limão
1 colher de chá de xarope de açúcar demerara
Opcional: uma pitada de clara de ovo
Misture na coqueteleira, batendo bem. Antes de colocar no copo, esprema limão na sua borda e vire sobre uma toalha com açúcar, para criar a crosta

*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço

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