Como bebemorar uma vitória
A etimologia do verbo comemorar, de origem latina, é trazer à memória, lembrar, também recordar junto com outro. Ou seja, refere-se a eventos passados. Precisamos de um verbo melhor para celebrar os fatos presentes, não é?
Proponho, leitor, o bebemorar, um neologismo que já é citado no Aulete Digital e reflete festejar com bebidas. Não é esse nosso hábito, diante de fatos felizes, como a vitória?
Mas qual a bebida ideal? Se você, como eu, não perdia as fabulosas domingueiras de Fórmula 1 com Fittipaldi, Piquet e Senna - desculpa pela omissão, Barrichello! - deve ter em mente que Champanhe é a dita cuja.
Todo vencedor das corridas espoca a rolha, bebe um pouco, balança para liberar gás e assim banha todo mundo ao redor. Faz uma festa! Penso que poucos discordam dessa vocação para o brinde deste tipo de vinho. Mas nem todos - não sei por que, sobretudo homens - apreciam o sabor dos espumantes.
No máximo tomam uma taça. E muitos passam para o uísque. Nada contra! Desde que bebemorem... Falando em destilado, lembrei de uma outra história de bebida ligada a vitória (ou derrota, como queiram). Em 1943, na ofensiva da União Soviética contra os alemães em Stalingrado, o marechal russo Georgui Jukov informou a Stalin que, diante da insuficiência de anticongelante, estava utilizando vodka para impedir que a água dos radiadores congelasse.
Com isso, o ditador soviético decidiu cancelar a distribuição sistemática da bebida para os soldados em combate, até então fixada em 100 ml diários. Ao mesmo tempo, resolveu premiar os melhores soldados. Com 200 ml de vodka por dia! Para os demais, uma mísera cota de 9 doses por ano. A tática estimulou as tropas e o resultado você conhece: os russos venceram.
A vodka também ajudou a derrotar as tropas de Napoleão durante a tentativa de invasão à Rússia, desta vez por excesso de consumo pelos pinguços soldados franceses. Mas falemos de vitórias. Desculpe se tem algum leitor aqui que ainda consegue encontrar um “escabroso” motivo para votar no poste, representante do PT. Que nos lançou num lamaçal de corrução e roubalheira “nunca antes visto na história desse país”.
Quiçá, do mundo. Sem falar da gravíssima situação econômica e social. Respeito as opiniões divergentes, mas, nesse caso, depois desses 16 anos, consigo entender você não, companheiro. Jamais! Meu consolo será a tão sonhada derrocada do famigerado lulopetismo. E a vitória do capitão - a despeito de algum receio da sua língua solta!
Troco a certeza do péssimo, pela dúvida do bom. Mas com muita fé na retomada do crescimento, da moral e da honestidade no Brasil. Fique cabreiro não, eleitor do Haddad. Num ponto a gente se iguala. Voltando a Napoleão Bonaparte, é dele a famosa frase sobre o champanhe: “nas vitórias é merecido; nas derrotas é necessário”.
Assim sendo, neste domingo de noite, ambos estaremos com um espumante na mão. Só que eu, com um sorriso de canto a canto do rosto. Finalmente, meu Deus! À nova esperança, tim, tim, brinde à vida.
Champagne Louis Roederer brut
Preço: R$ 329 Onde: Casa dos Frios
“Amanhã vai ser outro dia”, viu Chico? E minha felicidade, tão grande, que mereço uma Roederer.
*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço