Conheça os segredos e mistérios do vinho mítico 'Seña'
Conhecido no mundo todo, este é um tinto chileno de alta qualidade
Há quase três anos não escrevia sobre esta série de vinhos míticos. Onde discorro sobre os eleitos de Baco com grande destaque no cenário vinífero mundial. Olhando para esta minha lista de 16 “mitos” (calma, esquerdistas, não se trata de referência ao nosso Capitão), percebo que nenhum deles era originário das Américas. Então vou começar a corrigir essa falha. Pelo Seña. Não conhece? Partimos para resolver isso, leitor.
Trata-se de um tinto chileno de alta qualidade, fruto de uma fusão internacional entre Eduardo Chadwick e Robert Mondavi, levada a cabo em 1995. Falo um pouco dos dois. Robert Mondavi dispensa comentários. É (ou era, visto que já faleceu) um verdadeiro emblema, possivelmente o maior de todos, da vitivinicultura californiana. De onde expandiu seus conhecimentos para criar negócios em outros locais do mundo. Eduardo Chadwick é um produtor chileno, descendente de uma família de vinicultores daquele país, que remonta ao século XIX. Entre outras honrarias internacionais, foi eleito pela aclamada revista inglesa Decanter, em 2018, o “Man of the Year”. Pois bem, esses dois craques - como eu queria que eles jogassem no ataque do Sport !!! - se uniram para criar um vinho icônico, visando disputar espaço de prestígio no cenário mundial. E pensar que essa junção nasceu quando o jovem Chadwick foi destacado por um antigo amigo para ciceronear o já idoso Mondavi, na sua visita ao Chile, em 1991. O destino fazendo das suas! Com a ajuda de Tim Mondavi, filho de Robert, fizeram demorada pesquisa até encontrar, no Vale do Aconcagua, um “terroir” perfeito. Onde começaram o cultivo de uvas, sob rígidas regras biodinâmicas. Em 1997 a primeira safra do Seña foi comercializada. Pouco depois já recebeu as primeiras notas de destaque dos grandes críticos internacionais. Desbravando o mercado europeu, até então fechado para vinhos chilenos de qualidade. Algumas de suas safras receberam pontuação máxima - 100 pontos - do famoso James Suckling e sempre notas altíssimas do mago Robert Parker. A consequência disso, você já espera, leitor. Tem um custo elevadíssimo. Mas para que servem os grandes e generosos amigos? Eita, não ficou bem. Soou interesseiro! Claro, bons amigos são todos queridos e importantes em muitas outras coisas e momentos, mundanos ou não. Mas preciso falar do vinho e um desses generosíssimos amigos ofereceu, a um grupo de felizardos enófilos, uma degustação de 12 safras do Seña. De 2008 a 2019, não sequencial. Que espetáculo, companheiro! A América do Sul em seu apogeu, visto que na política está no fundo do poço! Sem desprestigiar nenhuma das safras, todas ótimas, destacaria 2013, 2015, 2017 e 2019. Se encontrar por aí, pechinche e compre, para comemorar uma data especial. Faltando dizer que o Seña é elaborado com um corte de uvas, inspirado no padrão Bordeaux. Sempre com Cabernet Sauvignon (que predomina), Malbec, Carmenère e Petit Verdot. Por vezes, dependendo da safra, um toque de Cabernet Franc.
Concluo, com a excelente lembrança gustativa desse “mito”, com meu tim, tim, brinde à vida.