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Croácia revisitada

Murilo Guimarães - Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco

Mês passado voltei a esse charmoso país, de rica história, onde estive em agosto do ano passado. Desta vez, a convite de um generoso casal de grandes amigos, navegamos pela costa norte: Rosinj, Pula, Losinj, Rab, Zadar e Hvar, cidades e ilhas da Ístria e da Dalmácia, que compõem um belo conjunto natural e arquitetônico. Mas não só pelos atrativos visuais tem se sobressaído a Croácia. Se você lê essa coluna, pelo menos uma vez na vida, outra na morte, pode ter se deparado com meu artigo de 23 de setembro passado, quando falei sobre os vinhos croatas. Nele escrevi: “A vinicultura está por lá há mais de dois mil anos e se nunca teve reputação no resto do mundo (a exportação é quase inexistente), com o crescente turismo, está florescendo”. Disse também: “Quer saber minha opinião sobre os vinhos da Croácia? Bebi brancos saborosos e tintos razoáveis a bons. Que ficam ótimos, em um cenário tão maravilhoso como a costa croata”. Nem se passou um ano, leitor, já preciso retificar essas linhas. Posto que agora encontrei garrafas croatas na prateleira de um “caviste” (pequena loja de vinhos) parisiense, exprimindo, ainda que incipiente, uma expansão extramuros da produção vinícola do país. Por outro lado, desta feita apreciei bem mais os tintos que bebi. Será que os croatas estão evoluindo assim tão rapidamente ou foram as companhias desta viagem que, compondo um “terroir” acolhedor e caloroso, refinaram o sabor do vinho? Deixo você com a dúvida, amigo. Mas aproveito para lhe passar minhas boas experiências. Quem sabe o Brasil consegue sair desta barafunda onde se meteu - desculpe, onde os políticos meteram o Brasil - e você não vai dar um pulinho lá na Croácia? Começo por um vinho que o amigo Luciano gentilmente nos presenteou, o Co Malvazija Istarska. Elaborado pela vinícola Coronica, com a casta Malvasia da Ístria, é um branco aromático, bem fresco, picante e de marcada mineralidade, que acompanha muito bem os pratos típicos da região, a base de peixes e frutos do mar. Companheiro, obrigado, valeu (tá vendo como minha gíria está moderna?). Ainda desta mesma vinícola degustamos dois bons tintos: o Co Teran - casta autóctone da Ístria - e o Co Gran Teran, mais envelhecido, encorpado e elegante. Da vinícola Zlatan Otok, localizada em Hvar, charmosíssima ilha dálmata, bebi o denso, saboroso e persistente Zlatan Plavac Gran Cru. Elaborado com a mais famosa casta tinta croata, a Plavac, irmã da Zinfandel (ou Primitivo), é submetido a longo envelhecimento em carvalho e garrafa. Outra agradável surpresa foi o Benmosqué Family Dingac, também oriundo de Hvar. Essa vinícola foi criada há cerca de 10 anos pelo célebre presidente/CEO da AIG - maior seguradora americana - Bob Benmasque. Para não lhe enfadar, leitor, com muitas sugestões, fecho com dois bons brancos da vinícola Kutjevo, localizada na região Continental, em torno de Zagreb, o Grasevina e o Traminac, com destaque para esse último. Se você quiser mais dados sobre a vitivinicultura croata, visite o site www.uncorkingcroatia.com. Concluo lembrando que em dois dias comemora-se a data dos namorados. E a véspera do dia de Santo Antonio, o bom casamenteiro, padroeiro de Lisboa. A ele, que tanto marcou minha infância e juventude, vai hoje meu tim, tim, brinde à vida.

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