Degustação de vinhos californianos
Confira um mapa de vinhos da região
Dependendo de sua resposta, leitor, eu fico conhecendo sua faixa etária. O que lhe lembra esse título acima? Vou ajudar: California Dreamin’. Boiando? Mais ajuda: The Mamas and the Papas. Não lhe diz nada? Então você é da geração X, Y ou Z, amigo. Deixou de vivenciar essa época especial composta pelas décadas de 60 a 80. Momento de uma fantástica efervescência musical. Aliás, cultural, de forma ampla. Pena de você! Mas fique tão triste não. Hoje tem Anitta e Pablo! Vôtes, cala-te boca, Murilo. Cuidado, que se Alexandre, o Grande, gostar deles... Melhor voltar pra Califórnia. Que eu não fui lá, mas ela veio até nós, semana passada. Pelas mãos de um grande amigo que mora naquele belo canto do mundo e de onde nos trouxe algumas garrafas da melhor estirpe para degustação, num privilegiado grupo de 10 pessoas. Um verdadeiro sonho californiano.
Você sabe, né companheiro? Esse estado americano produz alguns vinhos, especialmente tintos, de elevada categoria. Estão seguramente entre os melhores do mundo. Bem, sendo a produção imensa, como quase tudo nos EEUU, tem também muita coisa ruim. Mas os bons, são ótimos. Foi isso que atestamos, mais uma vez, nessa degustação. Composta por 12 vinhos tintos e um branco. Está achando muito, 13 garrafas para 10 pessoas? Vou botar fogo na sua fogueira mental. Ainda teve um Sauternes, excelente vinho de sobremesa, generosamente levado por um dos degustadores. Lembrando que as garrafas foram pacientemente bebidas, ao longo de umas seis horas. Para, literalmente, degustar cada gole. Estamos acostumados, leitor, não “pega” não. Antes de falar um pouco mais sobre esta noite, lhe informo que, em 10 de junho de 2006, escrevi sobre a Califórnia, na minha série Mapa do Vinho. Dias antes havia feito uma visita de algumas horas a Napa e Sonoma, sem prévia organização. Claro que vi coisas boas, mas impressão não foi, assim, das maiores.
Na ocasião escrevi: “Dois fatos me chamaram especial atenção. Diferente de todas as outras regiões que visitei, muitas vinícolas optam por uma arquitetura bem moderna. Gostei não, falta charme. E, como já era previsto, o clima é de “big business”, onde o dinheiro é o oxigênio de tudo”. Anos após voltei lá com mais vagar e a visão foi outra, ainda que não tenha revertido 100% essa primeira impressão. O que pode mudar totalmente essa ideia são outras degustações como essa, mais recente! Que vinhos, senhores! Não vou lhe enfadar falando deles, mas citarei seus nomes, caso você visite essa região. Sim, pois são bem difíceis de achar por aqui.
Anote e não perca: Montelena chardonnay (único branco) e Estate (tinto), Opus One, Abreu Cabernet, Dunn Howell Mountain, Araujo Eiselle Vineyard, Lokoya Diamond, Insignia, Bryant Family, Harland the Maiden, Dominus, Ridge Monte Bello e Lail Vineyards. Rótulos bem incomuns, não é? Sem omitir que bebemos safras bem antigas, fato relevante para vinhos de grande qualidade: 1982, 1991, 1992, 1994, 1997 e por aí vai. Algum defeito? Sim. Reiterando o que disse em 2006, “o problema é que eles produzem para o mercado consumidor nacional, muito rico e dos mais patriotas e bairristas deste mundo. Por isso, paga os altos preços cobrados”. Só restando então sonhar que nossos políticos se mudem pra lá, baguncem o país, quebrem a economia... coitados, os ianques merecem não! A eles e à Califórnia, tim, tim, brinde à vida.