Empoderamento feminino
Penso que esse tema é mais atual que Copa do Mundo na Rússia, mesmo nesse país do futebol; que corrupção (a gente nem se assusta mais, né?); que a prisão de Lula... Tem palestras, eventos, artigos a respeito deste “ato de conceder o poder de participação social às mulheres... como a total igualdade entre os gêneros”.
No meu mundo precisava disso não, que as mulheres ao meu redor já são empoderadas. Às vezes, até demais! Xi, não devia ter dito isso. Saiu, pronto. Mas entendo que há muito machismo por aí e o movimento tem seus motivos. O assunto teve ainda mais divulgação nesse mês em que se comemorou o Dia Internacional das Mulheres.
Foram ações em profusão. Uma delas me chamou atenção pela criatividade e pelo inusitado. A Diageo, proprietária, entre muitas outras, da marca de uísque Johnnie Walker, lançou no dia 8 de março a Jane Walker. Bem bolado, não foi leitor? A bebida é a mesma do consagrado 12 anos.
Já no rótulo, em lugar do icônico homem “caminhante” de casaca, cartola e bengala, a figura de uma bela mulher vestida de amazona, também com cartola e bengala. Tendo sido essa a maior transformação que a logomarca passou em mais de um século da sua história. Justo para enaltecer o sexo outrora frágil. Faltando dizer que, por razões pouco claras para mim, esse lançamento só aconteceu nos Estados Unidos.
Onde cada garrafa dessa edição limitada custa cerca de US$ 34 e deste valor US$ 1 será doado às organizações que defendem as causas das mulheres. Bem, até acredito nas boas intenções da Diageo, mas, como diz meu sogro, “aí tem dente de coelho”!
Filantropias à parte, há um indisfarçado interesse comercial mirando o público feminino. Que cada vez mais ocupa espaços, seja em confrarias, seja como enólogas, sommelières de vinhos e cervejas ou como consumidoras, quase em pé de igualdade com o homem. Para minha alegria, que gosto de compartilhar com D. Ana saborosas garrafas de vinho.
Mesmo quando ela afirma que eu consumo 2/3 e ela apenas 1/3. Acredite não companheiro, no máximo deixo por 3/5 e 2/5. Essa afirmativa está mais para uma ardilosa manobra mirando me inibir e maximizar seu empoderamento! Pronto, saiu de novo. Aproveitando o ensejo, por meio da minha - ih, será que eu ainda posso usar esse termo “possessivo”? - parabenizo todas as mulheres pelo seu mês. Brincadeiras a parte, mais que merecido. Tim, tim, brinde à vida.
*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço