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Então é Natal...

Época é repleta de significados, que mudam em cada cultura - Diulgação

No último artigo me mostrei assustado ao constatar que escrevo aqui há mais de década. Aí fui olhar os textos e me deparei com esse, de dezembro de 2006, sobre Natal. Resolvi transcrever. Caiu como luva, amigo, que arrumar tempo pra um artigo original, nessa época de confraternizações...

“Gosto da data, que me transmite só bons sentimentos, coisa rara hoje em dia. Por isso me deu vontade de escrever sobre ela. Aí fui atrás de uma “perna” ligando vinho a Natal, tal qual champanhe a reveillon. Vários livros, acessos à internet e consultas a amigos depois... Nada! Faz mal não, falo de todo jeito sobre a história do Natal, pedindo desculpa a você, leitor.

E como meus netos, futuros sábios, não sabem ler (ainda são analfabetos, na visão nua e crua do amigo Canuto) e nenhuma criança lê minha coluna (ela não existe em versão de videogame!), vou falar da lenda do Papai Noel.” NOTA: 13 anos depois, meus netos, Eduardo e Henrique, já são sábios!

“Há muitos milênios, bem antes do nascimento de Cristo, o dia 25 de dezembro era motivo de festa, quando se comemorava o solstício do inverno (a noite mais longa do ano), a partir do qual o sol ficava progressivamente mais tempo no céu. Bom para as plantações. Em Roma, acontecia o Festival do Sol Invicto, com louvação a Saturno, senhor da agricultura.

Essa festa pagã, a Saturnália, durava dias e era rica em orgia, comilança, troca de presentes e culto a Baco - olha a ”perna” que eu procurava! Nesta época começava a florescer o cristianismo e era preciso criar uma festa cristã tão popular quanto esta do solstício.

Não se sabia a data certa em que Cristo nascera e o 6 de janeiro era comemorado tanto como a data do nascimento, como do batismo. Então, sabiamente, Sextus Julius Africanus, primeiro historiador cristão, escolheu o dia 25 de dezembro. Isso se deu em 221 d.C., mas só cerca de um século depois começou a ser comemorada pela Igreja. Mantendo-se os hábitos pagãos de comilanças e troca de presentes.

Ao longo da idade média a festa se disseminou pela Europa, incorporando hábitos, como os do Yule nos países nórdicos, onde o presunto da ceia, a decoração colorida e a árvore de Natal faziam parte da comemoração. Se bem que o costume da árvore fosse mais antigo.

Os egípcios achavam a Tamareira um símbolo de força vital e, durante o inverno, a levavam para dentro de casa e a decoravam com jóias. Ato imitado pelos romanos, que fixavam máscaras de Baco - olhe ele aí de novo - nos pinheiros.”

Sobre a lenda do Papai Noel, eu escrevi: “Santa Claus, corruptela de Sinterklaas, como os holandeses chamavam São Nicolau, viveu no século IV em Myra, cidade que ficava no que hoje é a Turquia. Homem bondoso, bispo cristão, distribuía presentes para os pobres, sobretudo crianças.

Há até uma lenda sobre três pobres moças, à beira da prostituição para fugir da fome, que teriam conseguido casamento com os dotes de ouro jogados por Nicolau pela chaminé da casa delas. Que um século após sua morte foi canonizado, sendo idolatrado como padroeiro das crianças, dos mercadores, marinheiros e outros grupos, em vários locais do velho continente, em especial Rússia e Holanda. Com o tempo, a imagem bondosa do Santa Claus assumiu o papel de presenteador oficial do Natal.

Mas sempre há divergências. O folclore germânico conta de um rei Odin, que aparecia na festa de Yule com seu cavalo voador, alimentado com cenoura, feno e açúcar deixados por crianças em suas botas, que em troca eram enxertadas com presentes. Depois Odin e Santa Claus fundiram suas lendas.

A vida de Papai Noel, como o chamamos, nem sempre foi de flores. Chegou a ser banido do Natal no século XVII. Mas sobreviveu, para sorte nossa e de nossos filhos.
E hoje ainda não falei de coisas profanas (bebidas). Mas não é pecado fazer um brinde aos bons sentimentos: paz (como carecemos dela!), compreensão, desprendimento e muito amor.”

Feliz Natal, leitor. Tim, tim. Brinde à vida!

*É médico e enólogo e escreve quinzenalmente neste espaço

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