Falsificação também é um problema no mundo dos vinhos
Colunista resgata o contexto das falsificações
Na última coluna escrevi sobre “bons e ruins”. Terminei o texto assim: “Concluo falando das falsificações. Comum no mundo do vinho, como em quase tudo. Então, se liguem. Comecem treinando na próxima eleição, identificando os muitos falsos políticos e elegendo os poucos verdadeiros”. Parece até que eu estava adivinhando. Esses dias “viralizaram” (por que não é virulizaram???) nas redes sociais mensagens sobre falsificação de vinhos. Uma delas mostra, em detalhes, a comparação de duas garrafas de um bom vinho argentino. No aspecto, em tudo semelhantes. Mas na essência, bem diferentes. Incrível a habilidade dos falsários. O que me faz pensar: por que não direcionam tanta aptidão para algo próprio, de boa qualidade? Só encontro uma resposta: no fundo são almas sebosas, leitor!! O que outra postagem veio comprovar. Aquela atribuindo ao PCC, conhecida facção criminosa, a produção de garrafas de vinho falsificadas. Da Argentina. Tudo levando a crer na mesma origem de bandidagem dessas duas postagens.
Falsificação sempre esteve presente na história da humanidade. Boatos - sempre existiram, mas hoje resolveram dar um rótulo novo e chique, fake News - cartas, documentos, objetos e expressões de arte... Algumas são muito famosas. E até influenciaram o curso da história. A doação de Constantino, documento em que o imperador romano teria legado controle do Império Romano Ocidental ao Papa; as trelosas peripécias do impostor Frank Abagnale Jr., reproduzidas no filme “Prenda-me se for capaz”; os diários de Hitler, que teriam sido recuperados de um avião nazista em 1945 (cujo ministro da propaganda, Goebells, proferiu a célebre frase: “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”); as reconhecidas inverdades, com graves repercussões para os soviéticos, de Stalin e outros socialistas; fraudadores, tais quais John Myatt e os Greenhlagh, que copiaram quadros e obras de arte de grandes artistas, são alguns dos milhares de exemplos. Michelangelo Buonarroti - até tu? - no início de sua pobre vida, teria “envelhecido” escultura sua (Eros adormecido) para vende-la como da época romana. Mas esse tem mil anos de perdão, não é? Já aqui no Brasil, aquele conhecido molusco forja dados, mente que dá dó e talvez seja eleito! Eita paisinho... Tenho fé em Deus que meus tataranetos verão isso aqui se transformar em verdadeira nação!
Só faltando falar de um tipo particular de falsificação, envolvendo vinho. Sobre um celebrado jogador de futebol, que poderia ter sido um (quase) novo Pelé, mas preferiu rolar, literalmente, nos gramados. Recentemente comemorou um gol de pênalti (só isso???) com um dos melhores e mais caros vinhos tintos do mundo, o borgonhês Romanée Conti. Onde está a falsificação disso? Ora, no degustador. Fez de conta, mas pelo perfil da personalidade, duvido que tenha compreendido o que bebia. Nesse tipo de jogada, ele é craque. E as mídias se deleitam!
Vou fechar com uma verdade. A imortalidade. Não acredita, leitor? Pois existe. Na semana passada assisti, de corpo presente, à bela posse de Zé Paulinho na ABL. Merecida homenagem. E constatei que naquele Petit Trianon estão imortalizadas as boas obras e a seriedade de propósitos dos que lá passaram. Quiçá, desçam sobre nós.
Até final de julho, que vou tirar umas férias. Tim, tim, brinde à vida.