Finca La Anita
Estabelecida por Manoel Mas em 1992 no Alto Agrelo, ao sul de Mendoza, o nome foi uma homenagem do fundador a sua mãe, Anita. Se fosse hoje em dia, todos, de pronto, atribuiriam à “rebolante” cantora, que tanto sucesso faz com sua... e não é a voz! “Cala a boca, Batista”, diria o Jô. Voltando ao tema, a vinícola se situa numa altitude aproximada de 1.000 metros, em região de solo privilegiado para a viticultura, irrigável por águas de degelo dos Andes. São 72 hectares plantados com Malbec, Cabernet Sauvignon, Syrah, Petit Verdot, Pinot Noir, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, de vinhas com idade média de 30 anos. Numa época em que boa parte da indústria argentina se dedicava à produção vinífera com foco em volume, Manoel se concentrou em fazer vinhos premium. Pode parecer uma simples tomada de decisão, mas não é assim. Ah, quem dera fosse! No mundo só existiria produto bom. Há sempre um ônus por trás dessa opção. Mas o bônus foi angariar respeito do mercado e boas notas dos críticos. Tanto assim que foi adquirida pelo grupo suíço Origin Wines, com operações também na Europa e África do Sul.
Alguns anos atrás La Anita entrou em nosso mercado local, pouco depois desaparecendo. Dia desses fui agradavelmente surpreendido com convite para uma degustação virtual de vinhos da vinícola. Não entende como se pode degustar virtualmente, não é leitor? Mas a criatividade humana, aguçada pela reclusão da pandemia, resolve tudo. Já havia participado de algumas degustações virtuais, mas essa teve peculiaridades. Os vinhos, envasados em miniaturas de garrafa (50 ml), chegaram numa simpática e charmosa maletinha de viagem. Dia e hora marcadas, plataforma zoom a postos, enófilos de várias partes do país se encontraram na tela do computador. Daí fomos à saborosa luta, amigo (enquanto, em outras “telas” desse Brasil, persistia a generalizada, azeda, melancólica e infrutífera luta entre radicais de lado e de outro). Bem, voltemos ao que é bom. Além do nosso grupo de convidados, presentes na degustação, o fundador Manoel Mas, a mendoncina Soledad Vargas, há 10 anos na empresa e o suíço Richard Bonvin, dupla de enólogos à frente da La Anita. Que nos deram todas as informações sobre os vinhos degustados. Mais uma peculiaridade desse evento, fizemos um interessante passeio pelo passado e pelo presente da vinícola. Provamos um Tocai 2010, surpreendentemente inteiro para um branco com essa idade, um Linea Tonel 2000 e um Malbec Cosecha 2001, dois tintos que, após duas décadas, preservavam aroma e corpo de alta qualidade, algo incomum para vinhos sul-americanos. Daí voamos para o presente: La Anita Malbec, La Anita Petit Verdot e La Anita Gran Corte, todos da safra 2018, finalizando com o top da linha tinta, o La Anita Varúa Blend 2017. Apesar de minha grande reverência ao passado - juro que não é puxando a corda para minha faixa etária, amigo - também gostei desse presente, viu? Guardei as garrafinhas e hoje, quase um mês depois, elas continuam exalando um impregnante aroma, em especial a do Varúa. Ficou interessado? Quer provar? Recomendo muito, leitor. Procure na www.totalvinhos.com.br ou ligue para 98180-0269. Escolha seus vinhos, abra um deles “ao vivo” com sua(seu) companheira(o) e faça um tim, tim, brinde à vida.