Garrafas de vinho: tipos
No artigo anterior fiz breve relato sobre os recipientes de vinho, usados ao longo dos 8.000 anos de sua história. Mencionei que os primeiros vasos de vidro tinham formatos e volumes distintos, inicialmente com contorno achatado e ovalado, lembrando uma cebola. Ao longo dos anos assumindo vários outros modelos, cada um deles originário de uma região. Ficando o legado, leitor, em parte preservado até hoje.
Tá bem, teorias tentam explicar os formatos em função dos tipos de vinho. Use a foto e as letras A, B, C e D como guia. As garrafas bojudas, típicas de Bourgogne (A), seriam ideais para a cepa Pinot Noir; as alongadas e finas, para a Riesling alsaciana e alemã (D); as de corpo reto se prestariam aos vinhos de maior guarda, como os de Bordeaux (B).
Mas há outras formas sem respaldo da lógica, tais como a achatada de Franken (Alemanha) e do Mateus Rosé; a bojuda e empalhada, de alguns Chianti; gargalos retorcidos... Aqui entre nós, as explicações técnicas nunca me convenceram muito. Sou mais pela preservação da história e da tradição local (ainda que receptivo a um bom argumento em contrário).
Sem dúvida, porém, existem características peculiares a certos tipos de vinho. A garrafa mais espessa dos espumantes é necessária para suportar a pressão do gás carbônico (C). O buraco, ou “calombo” no fundo ajuda a encaixar uma garrafa na outra, durante transporte. Assim como para acumular detritos (borras, cristais de açúcar, etc) e dispersar a pressão, no caso do espumante.
Dizem, serve também para acomodar o polegar na hora de servir. E a cor do vidro? Como você sabe, o tinto é envasado em garrafas escuras (verde ou marrom), visando protege-lo da ação deletéria da luz, durante seu processo de envelhecimento. Como brancos e rosés são consumidos mais jovens, esse cuidado é dispensável, motivo pelo qual o vidro transparente é usado.
O que ajuda a enxergar nuances de cor desses vinhos. Faltando só falar do volume, amigo. Conhecemos o padrão de 750ml, mas há várias outras garrafas. Vamos saber quais e seus nomes (quase todos bíblicos)?
- Piccolo ou Split, 175ml
- Demi ou meia, 375ml
- Vinhos de sobremesa, 500ml
- Magnum, 1,5 L
- Duplo magnum ou Jeroboam, 3L
- Rehoboam, 4,5 L (há uma variante de 5L)
- Imperial ou Matusalém, 6L
- Salmanazar ou Mordecai, 9L
- Balthazar, 12L
- Nabucodonosor, 15L
- Melchior, 18L
- Salomão, 20L
- Sovereign, 25L
- Primat ou Goliath, 27L
- Melquisedec, 30L
É isso mesmo leitor, 30 litros (40 garrafas normais), pesando cerca de 80kg. Raríssima, merece uma busca. Se souber de alguma, me avise. Faço qualquer loucura, pago o preço. Quero consumir com alguns parentes e amigos, em uma data muito especial. Que se avizinha. Desconfia qual é? Isso mesmo, o dia que Luiz Inácio for preso! Sinta-se convidado para essa grande comemoração. Por enquanto, tim, tim, brinde a Moro, ao TRF-4 e à vida.
*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço