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Itália no Brasil

Espumante - Reprodução

Em 03 de janeiro de 1874 partia de Gênova o La Sofia, uma embarcação a vela, com centenas de italianos a bordo, a maioria do Veneto e de Trento. Destino: Vitória do Espírito Santo, mais precisamente a fazenda de Pietro Tabacchi, italiano já residente no Brasil. Que firmara acordo com o Ministério da Agricultura para trazer essa mão de obra mais “qualificada” (em comparação com os escravos).

Naquele instante, pouco após a unificação italiana, o novo país vivia uma crise institucional e financeira. Com escassez de trabalho, a promessa de emprego, com boas condições de moradia e salário, foi bastante atrativa para esses viajantes. Dispensável dizer que essas promessas não foram integralmente cumpridas – bem antes do lulopetismo, o Brasil já não era confiável, leitor – o que gerou muita revolta. Mas essa é outra conversa! Não que a revolta contra o banditismo (e agora o antissemitismo!) deva ser esquecida, mas o relevante para esse texto é que o La Sofia atracou no porto de Vitória em 17/02 daquele ano, desembarcando 388 italianos, quatro dias depois.

Por isso o 21 de fevereiro é celebrado como o Dia Nacional do Imigrante Italiano – este ano comemorando 150 anos daquela primeira grande leva de migração. Merecida homenagem à importante contribuição desse povo ao desenvolvimento econômico, cultural e enogastronômico de nossa nação (e de outras, mundo afora). Segundo o IBGE, até 1920, aqui chegaram cerca de 3,3 milhões de imigrantes, sendo 42% deles italianos. Ao longo das décadas seguintes foram mais de 11 milhões. Por esse motivo, o Brasil é o país com maior comunidade de descendentes italianos do mundo. Mas já tá bom de dados! Vamos ao que mais interessa a essa coluna.

Era de se esperar, sobretudo pelo clima mais ameno, que a grande maioria optasse por se estabelecer em estados da metade sul do Brasil – e assim, amigo, por culpa do calor, perdemos aquela ampla opção de comida italiana que São Paulo tem. Faz mal não. Lá não tem tapioca, carne de sol, moqueca, arrumadinho de charque, bode assado, sarapatel, peixada pernambucana, cartola, bolo de rolo, mangaba, cajá, graviola... vou parar, vou parar, que já estou salivando. E com pena dos “pôlistas”! Va bene, reconheço que os excelentes restaurantes italianos de lá são de tirar o chapéu.

Os primeiros colonos e oriundi aprimoraram as culturas agrícolas no Brasil, com destaque para a viticultura. Ainda hoje, algumas das mais relevantes vinícolas do país têm DNA italiano. Miolo, Casa Valduga, Lidio Carraro, Pizzatto, Don Giovanni, Dal Pizzol, Salton, Guaspari são marcas de destaque no nosso mundo enofílico. Ainda há várias outras, menos conhecidas, facilmente identificadas pelos nomes, como Torcello, Vivalti e Cristofoli, por exemplo. Sem medo de errar, a descendência italiana está por trás dos grandes vinhos elaborados no Brasil. Caso queira “bebemorar” essa data especial – eu quero! – eis uma lista de sugestão: Miolo Íride Espumante Nature 10 anos Sur Lie, Valduga espumante 130 Sur Lie, Guaspari Vista do Café Syrah, Lídio Carraro Grande Vindima Quorum e... Ih, acabou meu espaço. Desculpem os demais bons vinhos ítalo-brasileiros.

Faltando saudar o querido povo italiano. E os judeus. A quem peço, como brasileiro, desculpa pela grosseira agressão do presidente, que não me representa. Tim, tim, brinde à vida.

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