Marrocos é rota para os apreciadores de vinho. Conheça suas especialidades
Nem só de bom futebol vive o Marrocos, a produção vitivinícola vem se destacando ao longo dos tempos
Foi bonita a festa! A alegre vibração do povo marroquino - aproveitem, enquanto não surge um “molusco” por aí - apoiando seu time, foi contagiante. Como contagiante foram a fibra e o bom futebol apresentado pela seleção deles. Vê se aprende, Tite! Bem, agora já foi! Tudo isso me reforçou uma vontade antiga de conhecer aquele país. O que me lembrou um brasileiro excêntrico (eu poderia usar um termo mais rudemente adequado) que alardeava seus conhecimentos turísticos, incluindo os aeroportos de escala dos voos. Se assim for, já conheço Casablanca, amigo, onde os antigos voos de Recife para Londres faziam escala para abastecimento. Mas boçalidades a parte, meus planos turísticos continuam. Antes de concretizá-los, falemos dos vinhos do país. Cuja história se inicia há mais de 2.500 anos, à época dos fenícios. Antes, uma breve introdução geográfica do Reino de Marrocos. Se é que precisa, que hoje em dia basta clicar no celular, baixar o maps google e ... lá está o noroeste da África, nas costas mediterrânea e atlântica. Ah, a modernidade! Saudade de olhar nos mapas físicos, leitor.
A origem desta região no norte da África, conhecida como Magreb, remonta ao pré-histórico. Mais tarde, além da civilização fenícia, por lá passaram os romanos (entre outros povos) até a conquista muçulmana, no século VII. Que trouxe a proibição do consumo alcoólico popular. Embora conste que os Emires e Califas “entornavam todas” nos palácios. Sempre a mesma história... Nessa época a produção era familiar, para consumo próprio. Ou pra vender nos países mediterrâneos “por baixo do pano” (pensou que isso era invenção brasileira, né?). Mas a partir do século XV, com a ocupação portuguesa e logo após espanhola, a vinicultura ganhou novo impulso. Reforçada intensamente pela colonização francesa, na virada dos séculos XIX e XX. E fomentada pela Filoxera na Europa, levando os produtores de França, Espanha e Itália a usar as terras do Marrocos. Onde a praga não proliferava, devido a seu clima quente, influenciado pela vasta região desértica. Ainda que as vinhas sejam plantadas nas áreas costeiras, mais frias, ao sopé da cordilheira do Atlas. Cinsault, Carignan, Alicante Bousquet, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Tempranillo e Mourvèdre, são as castas mais usadas para os tintos (melhores) e rosés. Grenache Blanc e Chardonnay, para os brancos. São 17 denominações de origem garantida (AOG) ou controlada (AOC). Com destaque para aquelas na região de Meknès (no passado Volubilis). Mas também Benslimane, Berkane, Khémisset, Tiflet, Rommani e Casablanca.
Após a independência de 1956, as restrições ainda hoje impostas pela religião muçulmana criaram instabilidade na vitinicultura do país. Após um acordo firmado, em 1990, pelo rei Hassan II com seu amigo Jacques Chaban-Delmas (na ocasião prefeito de Bordeaux), se instalaram no Marrocos algumas empresas francesas. A exemplo de Groupe Castel, Bernard Magrez, Gerard Depardieu, Château Fieuzal, Domaine-Larrivet-Haut-Brion, entre outros. A despeito deste acordo prever que toda a produção fosse exportada, o consumo interno vem crescendo, mercê do turismo. Das vinícolas marroquinas vale ressaltar Les Celliers de Meknès (Château Roslane), Domaine de la Zouina (Volubilia), Domaine Les Deux Domaines, Thalvin e algumas do Grupo Castel. Difíceis de achar no Brasil. Então, Marrocos me aguarde! Tim, tim, brinde à vida. E Feliz Natal. Que o ano novo vem brabo!