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Mutações e variantes

Não é só os vírus e os humanos que sofrem com variantes e mutações. As plantas também. Como as uvas

As uvas e suas variantes - Foto: Pedro Revillion/Divulgação

De repente, não mais que de repente, a Torre de Babel ruiu! Não leitor, não falo daquela na Babilônia, milênios atrás. Aconteceu agora, quando uma falsa confiança subiu à cabeça das pessoas, achando que a pandemia tinha acabado. Se bem que, de fato, ela melhorou bastante, mercê sobretudo de uma ampla e eficiente vacinação no Brasil (a despeito da politicagem tentar negar) e em outros locais do mundo. Mas aí surgem umas mutações no coronavírus e com elas uma nova variante. Derrubando os que “subiram na torre”. E tal qual na lenda de Babel, deixando todos baratinados e falando línguas distintas. Fecha, não fecha, proíbe, não proíbe, festas ou “fique em casa”... Sem falar na grande mídia, que estava sem assuntos palpitantes. Afinal os destemperos do capitão, de tão frequentes, já não dão “Ibope” e o candidato “calcinha justa”... deixa pra lá! Nesse cenário, eis que chega o Ômicron pra rechear as manchetes, com suas impactantes repercussões. Não que seja negligenciável, antes pelo contrário, merece muito respeito, que todo mutante tem potencial danoso, mas a Delta também ia acabar com a gente, não era? Acha que eu estou muito alienado, leitor? Estou não. Antes desta nova variante surgir, mesmo após três doses de vacina, eu continuava de máscara, com distanciamento físico e evitando aglomerações. Portanto, nada mudará para mim. Meu medo mesmo é das futuras mutações, que continuarão aparecendo e um dia podem formar um “supercorona”. Você sabe que isso acontece, não é? Certamente bem lembrado de Charles Darwin, com sua evolução das espécies, da teoria da seleção natural e das leis de Mendel (pai da genética). Que nos explicam a necessidade de sobrevivência desse vírus, para tanto criando adaptações ao “ambiente hostil” gerado por nossas vacinas e terapêuticas. Ou seja, mutando. E se agigantando!

Mas não só os vírus e os humanos fazem isso. As plantas também. Como as uvas. Pensou que eu não ia falar de vinho, né? Podia não, amigo. Apesar de médico, minha função aqui é falar de coisas saborosas. Voltando às mutações, sabia que há teorias genéticas bem fundamentadas indicando que a uva branca é uma variante da tinta? Não vou lhe encher a cabeça com ciência, mas os genes já foram bem estudados, revelando mutações que induzem a casta a não produzir antocianina, responsável pela cor rubra. A “domesticação” da mais palatável Vitis vinífera vinifera é uma evolução genética da Vitis vinífera sylvestris, cepa ainda encontrada em solos da antiguidade. A Brunello é uma variante da Sangiovese. E por aí vai a genética vitivinífera. Com esses exemplos, restando ressaltar que há más e boas mutações. Dessas últimas, destaque para a evolução humana a partir do macaco... se bem que ainda tem muita macaquice por aí afora, leitor. Sobretudo no nosso meio político, né?. Que é uma tenebrosa cepa, formada por uma mutação no gene da seriedade (exemplo de má mutação). Vige, cala-te boca, Murilo. Antes que dê vazão a minhas raivas, melhor finalizar! Esperançoso que a Ômicron não vai causar tanto estrago assim, com uma boa taça de uma mutante Vitis vinífera. Tim, tim, brinde à vida.

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