O que nos dizem os rótulos?
Além de nomear o vinho, atrair atenção e transmitir credibilidade, os rótulos orientam escolhas
Muitos são bonitos - clássicos e elegantes - transmitindo bom gosto e respeitabilidade. Há vinícolas que prestigiam as artes, como o Château Mouton Rotschild,que a cada safra, desde 1945, estampa em seus rótulos um quadro de pintor famoso. Entre outros, foram convidados pelo Barão Philippe artistas da estirpe de Picasso, Braque,Salvador Dali, Marc Chagall e Joan Miró. Um verdadeiro - e excelente - museu!
Já outras vinícolas, sobretudo as mais novas, usam rótulos extravagantes, apelativos,com fim de chamar atenção para seus vinhos. Com todo respeito pelos designers (os italianos são mestres nisso), tenho um certo preconceito com essa tática. Na maioria das vezes me dou mal com essas garrafas. Mas, como tudo na vida, há eventuais exceções. Portanto desconfiem, mas não se furtem a testar.
E aí, além de nomear o vinho, atrair atenção e transmitir credibilidade, como toda boa marca deve fazer, há alguma outra função nos rótulos? Muitas, leitores, muitas. Feitas para orientar sua escolha. Ressalvando, porém, que as regras diferem de país para país. Há informações óbvias, como o volume da garrafa - 750 ml (ou 75 cl), seus múltiplos ou frações. O país de origem, nas garrafas exportadas, pode ser dado indispensável. Quer ver? Vinho Oveja Negra é oriundo da Espanha, do Chile, da Argentina ou de outro país de língua espanhola? Se respondeu Chile acertou. Em parte, pois ele é feito também no Brasil! Citar a região ou a denominação de origem - ex. Bordeaux, Bourgogne, Vale dos Vinhedos, Vale do São Francisco - é obrigatório na maioria dos países. Em alguns casos - um bom exemplo é a Alsace - citar os vinhedos de onde foram colhidas as uvas pode dar destaque ao vinho. Impossível lembrar tudo isso? Concordo. Por isso as boas casas do ramo lhe fornecem livros e guias onde você pode fazer essas consultas.
Já lhes falei dos sistemas classificatórios que existem em alguns países e suas siglas - VDQS, AOC, DOC, DOCG, etc. Presente em um rótulo, é indicador de qualidade controlada. “Engarrafado no local de produção”, nas suas várias versões linguísticas, é boa garantia contra a mistura de mostos bons e ruins, além de dificultar falsificações. Vinhos varietais (75%, 85% ou mais de uma única uva, conforme a legislação do país) ou mesmo cortes, podem estampar as cepas usadas. Procurem - às vezes é difícil achar - pela graduação alcoólica, expressa tanto em porcentagem como em graus (GL). Normalmente os brancos flutuam entre 11 e 12% e os tintos de 11,5 a 13,5%. Mas vem crescendo, sobretudo no novo mundo, vinhos com mais de 14%, exprimindo um alto teor alcoólico.
Foge ao escopo da coluna de hoje explicar as razões, mas por vezes isso é necessário para o equilíbrio do vinho. Por fim, um dado da maior relevância: a safra. Que pode não estar presente nos rótulos de espumantes e Xerez, onde há mistura de safras. Ou nos vinhos de má qualidade! Já sei. Você não consegue gravar as safras boas de cada país ou região do mundo. Para que? Há tabelas e guias lhe indicando isso. Na hora de comprar, solicite-as.
Faça boas compras e tim, tim. Brinde à vida!