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O vinho de Santo Antonio

Santo Antônio - Greg/Arte/Folha de Pernambuco

Essa semana, como parte dos festejos juninos, comemoramos o dia de Santo Antonio, homenagem à data de seu falecimento (13 de junho de 1231, aos 36 anos). Por consequência, a véspera é 12 de junho, ô pá! Data em que nasci. Aliando ambos os motivos, minha mãe sempre fazia uma fogueira na véspera de Santo Antonio, em lugar da tradicional fogueira de São João (um dia vou me dedicar a ler sobre essa tradição das vésperas). Desnecessário dizer que esse fato marcou minha infância e juventude.

Entre outros méritos – por todos eles, até hoje é o recordista de tempo de canonização na Igreja Católica – tem a fama de santo casamenteiro. Consta até uma lenda que Ana Christina tanto rezou, numa dessas fogueiras na minha casa, que me fisgou para sempre! Mas essa é outra história. Que eu espero não seja lida por minha cara metade, sob pena de... Santo Antonio há de me proteger!

Nascido em Lisboa, de família com posses e batizado como Fernando, desde cedo se dedicou ao estudo religioso e a uma vida humilde. Nesse processo de ordenação como sacerdote, passa a usar o nome de Antonio. Certa vez, retornando para Portugal do Marrocos, onde fora pregar, o barco desviou da rota e foi dar na Sicília. Vôtes, esse piloto era mais caipora que Barrichello! O destino divino assim quis, leitor. Pois lá ele conheceu São Francisco. Eloquente orador, dele logo se tornou o braço direito. Deus no comando, não deixou que fosse o “esquerdo”! Pregou por toda região no entorno de Assis (Emilia Romana), ficando meses como eremita em Montepaolo, ainda hoje uma área de preservação, em sua homenagem.

Autor de vários milagres em vida, consta que na hora de seu falecimento em Pádua (por isso também conhecido como Santo Antonio de Pádua) os sinos das igrejas de Lisboa repicaram sozinhos. Foi uma passagem terrena fugaz, numa mente profundamente brilhante. Como disse acima, foi canonizado por Gregório IV em menos de um ano após sua morte. Em 1934 foi declarado Padroeiro de Portugal. Razão pela qual, no dia 12 de junho – olhe eu aí de novo! – tem lugar grande festa popular nas ruas de Lisboa. Tal como São João, por aqui.

Você deve estar nervoso, perguntando: cadê o vinho do homem? Encontrei não, amigo. Desculpe pelo título enganoso. Acionei o google com várias opções de pesquisa e tudo que retornava eram informações comerciais de um vinho português (lá no Dão) e dos produzidos em Santo Antonio do Pinhal, em São Paulo. Mostrando que entre o comércio e os dados da vida de um grande santo, prevalece o primeiro. Triste realidade internáutica.

Mas faz mal não. Tenho certeza que, tendo morado em Portugal e na região vizinha à Toscana, Santo Antonio bebeu muito vinho do bom. Assim, com um cálice de saboroso tinto, faço tim, tim, brinde à vida. De Santo Antonio.

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