Oferta e procura
Se você é meu leitor – mesmo que só de vez em quando – já deve saber que não tenho simpatia por essa tal “lei de mercado”. Geralmente ela só arrebenta no costado do consumidor! Porém, deixo claro, antes essa mazela do capitalismo do que todas do “outro lado”. Mas é que nos últimos anos essa maldita tem se feito muito presente no mundo do vinho. Vamos aos fatos.
Conforme dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a produção mundial de vinho caiu 10% em 2023. Concorreram para isso as condições ambientais extremas (secas ou inundações, ondas de calor ou geadas, além dos incêndios) que assolam o mundo. Precisamos cuidar do nosso planeta, amigo! Ano passado, foram engarrafados 237 milhões de hectolitros – por que esse pessoal da OIV adora usar hectolitros?; você usa essa medida no dia a dia? – a menor produção desde 1961. O consumo também reduziu, em 3%, por motivos que discutiremos adiante. Menos no Brasil, onde produção e consumo subiram! Sem ficar clara a razão para isso. Eita povinho diferente! Quase sempre na contramão da história. Xi, a turma do “patropi maravilhoso”, que não consegue nos enxergar corretamente, vai ficar raivosa.
Se você faz parte desse grupo, largue o artigo, não, leitor. Vá até o fim, por favor. Voltando aos números, Itália e Espanha tiveram queda na produção, comparado ao ano anterior, de 21% e 23%. Já na França, a colheita cresceu 4% (francês também gosta de ser diferente, né?). Mas...( há sempre um mas), lá houve grande queda no consumo, estimada em 32%, na década entre 2012 e 2022. Atribuída à redução da importação pelos chineses e aos jovens franceses estarem bebendo menos vinho, trocando-o por cerveja e drinques. Ou estariam mesmo mais abstêmios. Juventude “saúde”, dirão alguns. Sei não! Logo esse povo que consome tanta droga pesada e cigarros eletrônicos... De fato, acho que é uma fuga do alto preço da bebida de Baco. De concreto, houve sobra nas prateleiras, nos últimos anos. Notícia que me deixou exultante.
Que bom, vinho, finalmente, cairia de preço! Dizem que caiu por lá. Isso chegou pra você? Pra mim, chegou não. Então, que fez o governo francês? Captou verba na Comunidade Europeia para financiar vinícolas a reduzirem produção. Seja usando as uvas para geração do etanol de uso industrial, seja derrubando vinhedos e direcionando a terra para outras culturas. Para tanto, se dispõe a pagar 4 mil euros por hectare, até acabar com 4% da área plantada de videiras. Como diz nosso matuto, promode? Para elevar os preços, ora! Ah, esse vai chegar pra você. E pra mim. Que assim funciona a tal da lei de mercado. Amigo, vamos participar dessa lei e deixar de comprar vinho? Maldade com os amigos produtores e revendedores. Faço isso não! Melhor votar melhor e eleger um governo que corte impostos, em vez de subir.
Com esse sonho – “sonhar mais um sonho impossível, lutar quando é fácil ceder, vencer o inimigo invencível” – meu tim, tim, brinde à vida.