Para que servem críticos de vinho?
São muitos. Tal qual em toda profissão, alguns bons e confiáveis, outros ruins, de caráter duvidoso. Como de costume, esses últimos tendem a ter vida curta no mercado, que percebe, com o passar do tempo, que a opinião deles é tendenciosa, “comprada” por produtores igualmente inescrupulosos. Algo muito parecido com o que temos visto no nosso país, empanturrado de corruptos e corruptores. Porém arrisco dizer que a maioria é séria. Mas para que servem, você já deve estar ávido por saber. Não é diferente de outras atividades, leitor, onde críticos criticam – óbvio! – um bem de consumo para lhe orientar na aquisição. Automóveis, com tantas publicações especializadas, é um bom exemplo. Bem, exemplo até um certo ponto. Tenho uns amigos, tarados por carros, que não vão concordar comigo, mas o diferencial a favor dos enocríticos é grande. No carro você senta no banco, aperta o acelerador, aperta mais, mais, gira a direção para direita, para esquerda, pisa no freio... Pronto! Coisinha mais sem graça, né leitor? Com o vinho é diferente. Usamos os sentidos. O crítico admira a cor, sente o olfato, bebe e aguça o paladar, tudo analisando e dando notas. O melhor da história, ainda é pago para isso! Vida boa, a desse povo. Tá bom, às vezes tem que tomar umas “gororobas”, mas que profissão não tem? Então finalmente respondo ao questionamento do título: críticos nos ajudam a não beber “gororoba”! E como se chega às críticas de bebidas? Há vários meios. Livro sempre foi a mais clássica referência (Hugh Johnson e o Larousse du Vin são leitura obrigatória, se você tem interesse enológico), secundado por periódicos – jornais, revistas, tais como o Figaro, La Revue du Vin de Frande, a Wine Spectator, a Decanter, entre outras – e guias, como o sul-americano Descorchados e o italiano Gambero Rosso. Mas hoje, você sabe, né amigo, a internet e as redes sociais tomaram conta da comunicação. Há uma profusão de blogs e sites sobre praticamente tudo. Vinhos não fogem à regra. Então, confiar em quem? Sem qualquer demérito para os não citados, por esquecimento ou desconhecimento meu, vou lhe dar algumas sugestões. No Brasil, me vem à mente o mestre Carlos Cabral, Marcelo Copello e Jorge Lucki. Além-mar e na América do Norte lembro de Allen Meadows (EEUU), especialista em Bourgogne, Antonio Galloni (EEUU), Stephen Spurrier (Inglaterra), Michel Bettane (França), John Platter (África do Sul), José Peñin (Espanha), Rui Falcão... Não, não, não é aquele dirigente petista. Vade retro! É um renomado crítico português. Todos muito respeitados, mas faço, pessoalmente, destaque especial para os internacionais Hugh Johnson, Jancis Robinson, Stephen Tanzer, Robert Parker – esse você já deve ter ouvido falar – e James Suckling. Faltando citar, para nosso orgulho nordestino, que este último, espontaneamente, bebeu o tinto Vinhas Velhas da vinícola Maria Izabel (dos conterrâneos Paes Mendonça), a ele fazendo consistentes elogios, em sua rede social. São vinhos de reduzida produção, por isso de custo elevado – cerca de R$ 400 o branco e R$ 500 o tinto – mas de atestada qualidade, como diz o Suckling. Vá lá no Bar Chef, divida a garrafa com uns amigos e comprove. Fazendo isso reiteradas vezes, quem sabe você vira um famoso crítico.
Serviço >
Pedra Cancela tinto
Preço: R$ 72 Onde: Lacomex, 3081.2131
Em artigo anterior citei que o tinto português Pedra Cancela Amplitude foi eleito um dos 10 melhores vinhos portugueses, na 14ª edição da Essência do Vinho. Se ainda não temos o Amplitude por aqui, seu irmão mais “jovem” pode representá-lo bem. Tim, tim, brinde à vida.