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Vinho e Inteligência Artificial

Inteligência Artificial ajuda enólogos a provar que há diferenças entre "vinho barato e vinho caro"

Crédito: Freepik

Não, leitor. IA não é uma característica enológica. Nem mesmo uma bebida similar. Pronto! Lhe dei a pista e você, antenado, já sabe que estou falando de Inteligência Artificial. Ah, que saudade do tempo em que só havia inteligência real. E burrice também. Essa, que hoje se propaga como fogo nas redes sociais.

A exemplo da campanha contra vacinas. Antigamente, burrice era ao vivo e a cores, podendo ser facilmente contestada. Hoje...

Mas voltemos ao tema da conversa. Recentemente foi publicado no The New York Times artigo intitulado “Vinho barato e vinho caro: IA ajuda enólogos a provar que há diferenças entre as bebidas”. Lastreado em estudo publicado por um neurocientista computacional – não é pouca coisa não! – da Universidade de Genebra, Alex Pouget.

Crescido em Paris, de uma família que só consumia vinhos de Bordeaux – ah, que inveja – resolveu testar a real importância daquilo que os vinicultores chamam de terroir (misto de solo, microclima e métodos agrícolas individuais).

Em contraponto ao que a maioria pensa: vinhos de tal região são todos iguais. Com seus colegas e o apoio de Stéphanie Marchand, do Institute of Vine and Wine Science (Bordeaux), Pouget treinou um algoritmo para buscar padrões em comum nas impressões digitais químicas dos vinhos. Ou seja, suas características químicas, previamente determinadas por Stephanie, em 80 vinhos de várias safras, de 7 chateaux.

Eles ficaram impactados com os resultados: o modelo da IA agrupou os vinhos em grupos distintos, que correspondiam às suas localizações geográficas na região de Bordeaux. Isso mostrou que as particularidades de cada propriedade haviam influenciado decisivamente a química dos vinhos produzidos ali, exatamente como os vinicultores afirmam há séculos.

Você deve estar pensando que foi estudo demais para resultado de menos. Afinal, repetiu o que já era alardeado pelos produtores. Sim, mas agora há comprovação científica de que vinhos produzidos em microclimas privilegiados, com técnicas mais cuidadosas, destacam sua qualidade, justificando inclusive seus preços diferenciados. O que mais me agradou foi o atestado de veracidade dos vinicultores.

Amigo, vou procurar o Pouget e propor a ele fazer um algoritmo para verificar a veracidade das narrativas dos togados e políticos – sobretudo “daquele” – de Brasília. Já pensou, que bom? Pra quê, diz você, se a gente já sabe que eles mentem? Ah, mas uma comprovação é outra coisa, pode até mandar eles pras grades. Até parece que isso ocorreria no Brasil, né amigo! Já liberaram um...

Voltando à enologia, pesquisadores estão aplicando a IA em outas áreas. Eles acreditam ser possível corrigir práticas de cultivo e vinificação em anos de impactos climáticos negativos. Mas o que mais gostei foi a possibilidade de detectar fraudes nas garrafas de vinhos, tão comuns hoje em dia. O que me leva de volta a Brasília... deixa prá lá!

Em conclusão, Pouget, com seu modelo de inteligência artificial, justificou que vinhos de grande fama sejam mesmo mais caros. Ô, Pouget! Se você prova o contrário, eu ia engrandecer minha adega. Faltando dizer, que Pouget, grande enófilo, afirmou ser um crime abrir uma garrafa de vinho com menos de 15 anos.

Estou com você, “espírito de onça”. Tim, tim, brinde à vida. Com um vinho velho.

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