Vinho e saúde
Já conversamos aqui – e você já deve ter tido acesso a outras fontes – sobre os benefícios sanitários do vinho. Não apenas para o lado emocional, que isso ninguém discute, não é? mas também físico, em especial na área cardiovascular. Tá bom, sei que tem outras notícias veiculadas por aí falando nos malefícios de bebidas alcoólicas – amigo, o que é que não tem? – mas se consumido com parcimônia, tenho motivos para crer que a balança pende a favor do vinho.
Pra reforçar essa crença, Alfredo, colega de profissão e especialidade, recentemente enviou uma publicação científica da American Clinical and Climatological Association, assinada por professores de três universidades de New York. Amplo estudo analítico de dados publicados na literatura médica mundial sobre as repercussões orgânicas do vinho, foi divulgado em 2006. E eu, esse tempo todo, sem ter conhecimento dele, amigo! Importante destacar que Alfredo é insuspeito, ou pelo menos pouco suspeito, visto ser um convicto cervejeiro. Se bem que outras bebidas alcoólicas, incluindo cerveja, fizeram parte deste levantamento.
Que desta vez focou nos possíveis benefícios respiratórios. Foram avaliados efeitos na função pulmonar, na DPOC (enfisema e bronquite crônica), risco de desenvolver SRAG (complicação pulmonar que ficou célebre na Covid) e câncer de pulmão. Não vou encher estas linhas, já difíceis de ler, com dados estatísticos complexos e xaroposos, mas se você quiser acessar, procure no Google por Wine, Spirits and the lung: good, bad or indifferent? Caso não, antecipo para você as conclusões. Em linhas gerais, como todo mundo sabe, ou deveria saber, quem abusa da quantidade de álcool tem malefícios. Sempre! Mas na grande maioria dos vários estudos analisados, os consumidores moderados, do tipo que consomem a bebida por satisfação gustativa e não por vício (ou para afogar as mágoas) tiveram benefícios respiratórios e na redução, ainda que leve, do risco de desenvolver câncer de pulmão.
Ei, leitor, não vá sair dizendo por aí que Murilo recomenda bebida alcoólica para evitar câncer. Faz favor! Há outras medidas preventivas muito mais eficientes, como não fumar e fugir da obesidade. Mas é alvissareiro saber que, ao desfrutar de um drinque, em paralelo, você está trazendo algum impacto positivo para sua saúde. Importante frisar que esses efeitos benéficos foram encontrados no vinho, em contraste com os destilados. Cujos efeitos foram negativos ou indiferentes. Tá bom, Alfredo, a cervejinha, aqui, acolá, foi boa também. E qual a explicação para essa vantagem do vinho, particularmente o tinto? Você já ouviu falar de antioxidantes, com certeza. Substâncias que bloqueiam vários processos inflamatórios e degenerativos no nosso corpo. Pois bem, o vinho é rico em polifenóis, que exercem esse papel no organismo humano. Dentre eles, destaque para o já famoso Resveratrol. Aliás, as farmácias já vendem até cápsulas dessa substância. Mas vá por mim: uma taça de vinho é bem mais agradável e, quem sabe, mais barata. Antes de concluir, deixo aqui meu atestado profissional: tratamentos médicos são sempre muito mais eficazes (ainda que mais amargos)!
Depois de ler esse amplo artigo, fiquei pensando: em nenhum dos estudos citados se analisou a variável “cheirar” a bebida. Hábito peculiar aos bebedores de vinho, que não vejo ninguém cheirar destilados. Será essa “cheiradinha”, que tantos alegam ser afetação de enófilos, a responsável pelos benefícios respiratórios encontrados? Taí, um dia, com mais tempo, vou fazer essa pesquisa. Por enquanto, tim, tim, brinde à vida.