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Vinho sem álcool existe? Saiba mais com Murilo Guimarães, colunista da FolhaPE

Começando por dizer que legalmente isso não existe (se bem que, nesse país, nem os ministros do STF se incomodam com lei, não é leitor?). Mas vamos fazer de conta que vivemos em um país dirigido por gente séria. Pelas regras do Ministério da Agricultura vinho tem que ter um mínimo de 8,6% de álcool (ou 7%, para espumantes doces). Portanto, deveríamos usar “bebida baseada em vinho”, ou nome similar, para nominar esse drinque. Mas descomplicando, enquanto o nome certo não vem, seguimos o título do artigo.

Em fevereiro de 2021 publiquei aqui “Bebida Alcoólica Sem Álcool”, um título “Dilmaniano”. Na ocasião concentrei a conversa na já consagrada cerveja sem álcool e num provável lançamento, ainda não concretizado, de um gin 0% em álcool.

Especificando o público-alvo desses drinques: “O principal deles, o grande número de pessoas com doenças hepáticas, impossibilitadas de consumir álcool, mas que apreciam o gosto das bebidas alcoólicas. Hoje em dia, com as famigeradas blitzes caça-níquel – saudade da minha juventude – poder frequentar um bar e restaurante, consumir seu drinque favorito e voltar para casa sem ser preso, é outra grande vantagem. Há ainda os que não se dão com o etanol, alguns por alergia, outros porque ficam insuportáveis quando bebem (o problema é esse “bebo” chato se “enxergar”!)”.

Faltou, amigo, mencionar grávidas, pessoas em dieta ou para quem o álcool não faz parte de suas preferências de estilo de vida, incluindo motivos religiosos. Sobre este último grupo de pessoas vale dar exemplo do Reino Unido.

A associação que controla o esporte no país não deixa mais uma caixa de champanhe no vestiário da equipe vencedora da Copa da Inglaterra, como sempre fez, optando agora por espumantes não etílicos, para não constranger os atletas de religiões que proíbem o álcool, como o islamismo. Os ingleses são diferenciados, leitor! Será que eles dariam cursos para políticos e juízes de outros países? Voltando ao tema, há inegavelmente um público para bebidas desalcoolizadas. Segundo levantamentos na Europa, em percentual crescente, sobretudo na faixa etária mais jovem. O âmago da questão é elaborar, preservando o mesmo sabor. No caso do vinho, não tem sido fácil. Pois não é só retirar o álcool, que justamente atua como aglutinante e harmonizador das propriedades organolépticas e qualidades sensoriais do vinho.

É necessário preservar os demais ingredientes (taninos, acidez, etc) e sabores. As etapas iniciais, desde o plantio de uvas, passando pela fermentação e o envelhecimento, são as mesmas do vinho alcoólico. Depois é que se retira o álcool. Atualmente são usados três métodos. Centrifugação por cones rotativos (mais conhecida pelo seu nome em inglês, Spinning Cones Column, ou SCC), de custo mais elevado, a destilação a vácuo sob baixa temperatura e a osmose reversa. Em todos eles, após a extração dos elementos, o álcool é descartado e as demais substâncias desejáveis são reintroduzidas no vinho. Mas – sempre há um mas – essa última tarefa não é assim tão fácil. Há alguns produtos à venda no mercado. Procure na internet e achará (veja um artigo da Andreia Debon).

Quer saber se eu já provei? Por enquanto, pra mim é sacrilégio. Desrespeito com Jesus Cristo, justo na Páscoa, quando tomou vinho alcoólico na última ceia. Que se Ele quisesse, tinha feito essa alquimia! Tim, tim, brinde à vida. E a Ele, nosso Deus feito homem.

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