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Vinhos míticos: Chablis

Os Chablis são vinhos secos, ricos, frutados e refrescantes

Vinho branco - Zsanett Mezei/Pixabay

Alguns leitores poderão gostar desta coluna, mas já sei que vários outros, só pelo título, não lerão sequer essas primeiras palavras. Tema técnico desagrada aqueles que preferem amenidades.

Não tiro a razão, mas ninguém pode agradar sempre a gregos e troianos. Ademais, preciso engordar essa minha série de vinhos míticos, que anda abandonada. 

Estamos em pleno verão e nada mais apropriado do que falar de vinhos brancos, tão compatíveis com esse calorão. E em assim sendo, não consegui pensar em outra opção melhor do que o Chablis para ilustrar essa coluna. Creio que até mesmo o pouco ligado na enologia já ouviu falar dele. Segundo o grande crítico inglês, Hugh Johnson,

“Não há melhor expressão da grande soberana Chardonnay do que o vinho redondo, mas tenso, límpido, mas arenoso, produzido no solo fortemente calcário de Chablis”.

Localizada no extremo norte da Bourgogne, banhada pelo rio Serein, produz apenas vinhos brancos, somente da casta Chardonnay. Que como já lhes disse em outros artigos, tem sua personificação máxima nesta famosa região francesa (Bourgogne), onde são elaborados os mais fabulosos - e caros - brancos do mundo. A história enológica ali tem mais de 1.400 anos e hoje, depois da praga filoxera, a área plantada está restrita a cerca de 4.000 hectares. Os Chablis são vinhos secos, ricos, frutados e refrescantes, com um toque mineral que lhes rendem a fama de um excelente acompanhamento para peixes, ostras e frutos do mar. Vou mais adiante, ótimo também para bebericar à beira da praia ou da piscina. 

Tal qual o Beaujolais, o Brunello, o Chianti e tantos outros, o Chablis é uma marca usada no rótulo de vários distintos produtores. Claro, desde que obedeçam aos requisitos pré-estabelecidos pelas autoridades. Há quatro tipos, do mais simples ao mais complexo. O Petit Chablis é mais leve, menos denso e mineral, por isso mais barato. Não há muitas garrafas no mercado local.

O genérico Chablis, quase nunca amadurecido em madeira, corresponde à grande maioria da produção e, em boas mãos, já atinge qualidade bem alta. No patamar acima fica o excelente Chablis Premier Cru e no topo da pirâmide, o fabuloso Chablis Grand Cru, elaborado em uma pequena área de apenas 100 ha, de sete vinhedos (crus): Blanchots, Bougros, Clos, Grenouilles, Preuses, Valmur e Vaudésir.

Um premier cru, que alguns consideram o melhor e mais característico dos quatro tipos, pode amadurecer bem em garrafa por uma meia dúzia de anos, enquanto um grand cru requer cerca de uma década para atingir seu apogeu. Dependendo da safra e do quilate do produtor, até bem mais que isso. Coisa incomum para brancos secos. O amadurecimento em carvalho antigo diferencia o Chablis - e os demais grandes vinhos da Bourgogne - dos Chardonnay sulamericanos, muito abaunilhados pela presença de carvalho jovem.

Taí, amigo, um exemplo de algo antigo funcionando melhor que um jovem! Pois então que eu siga essa linha! Com a ajuda de uns golinhos de Chablis. Com ele, tim, tim. Brinde à vida!

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