Vinhos: Os 10 mais outra vez
Fiquei muito feliz, por muito pouco. Decidi escrever sobre o tema e ia intitulá-lo apenas “Os 10 mais”. Aí uma luzinha acendeu, alertando: “postagem repetida” - tal qual no Whatsapp. Fui no arquivo e encontrei o dito cujo, escrito em fevereiro de 2016. Atestando minha memória em ordem, ou seja, o alemão ainda longe, leitor.
“Outra vez” adicionado ao título e minha felicidade registrada, vamos ao tema. Nos últimos dias saíram duas listas dos 10 mais, no mundo do vinho. A primeira se originou em um festival português, a 14ª edição da Essência do Vinho, onde um júri de 40 especialistas de 12 nacionalidades elegeu os melhores vinhos do ano, naquele país. O de maior pontuação foi o Passagem Grande Reserva 2009, do Douro, vendido por €32, lá na terrinha. Na sequência, Quinta de Santiago Alvarinho Reserva 2015 (€10), Menino Antonio Alicante Bousquet 2014 (€49), Quinta da Touriga Chã 2014 (€34), Pedra Cancela Amplitude 2013 (€12), Chryseia 2014 (€49), Kopfe Colheita 1957 (€287, o mais antigo e mais caro de todos), Moscatel de Setúbal Superior 20 anos 1995 (€125), Barbeito 30 anos Malvasia Vó Vera (um vinho Madeira a €260) e, por fim, Alves de Sousa Pessoal 2008 (€47). Você conhece todos eles, amigo? Pois eu só bebi três, entre os quais o Quinta da Touriga Chã e o Moscatel de Setúbal 20 anos, ambos encontrados na Casa dos Frios. Mas acho que vale registrar essa lista, caso você for visitar Portugal. Dessa seleção podendo se tirar lições.
Não só de “celebridades” é feito o mundo dos vinhos e nem sempre os mais caros são os melhores - quando degustados às cegas. Observe, o segundo melhor era o mais barato (€10), enquanto o 7º, o 8º e o 9º tinham valor muito maior que os outros. Respaldando o conceito que sempre vale a pena garimpar, leitor! Falando em preço, chegamos à outra lista. Elaborada pelo aplicativo Vivino - usado por bebedores de vinhos para emitir opiniões e dar notas - baseado em seu próprio banco de dados, listou os 10 vinhos mais caros do mundo, na atualidade.
Ressaltando que ela é apenas resultado do levantamento exclusivo da Vivino, lá vai (preços por garrafa, desta vez em dólares): Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 2005 ($28,243), Château Cheval Blanc 1947 ($28,000), Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 1990 ($22,533), Henri Jayer Échézeaux Grand Cru 1978 ($14,999), Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 1985 ($14,365), Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 1991 ($14,112), Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 2001 ($13,994), Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 2010 ($13,500), Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 2009 ($12,998) e Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti 2012 ($12,949).
Cada preço, hein? E que monotonia! Romanée-Conti quase de cabo a rabo. Embora de safras bem distintas, expressando a grande importância dessa variável. Dos dois intrusos nesta lista precisando ser dito: o Cheval Blanc, único representante de Bordeaux, da safra 1947, é unanimemente reputado como um dos três ou cinco melhores tintos da história enológica; já o Échézeaux Grand Cru está sempre na cabeceira dos grandes vinhos franceses e o Henri Jayer é produtor muito respeitado. Como o Romanée, também oriundo da Bourgogne, que dominou sobejamente a listagem. Você está curioso para saber por que esses vinhos são tão caros? Poderia tentar explicar, amigo, mas falta espaço. Fica pra outra. Hoje só dá pra tim, tim, brinde à vida.
* Murilo Guimarães é médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço.