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Não seria melhor denominar a empresa como Vinho do Mundo - Ed Machado

Antes, uma pequena abstração linguística. Creio que a tradução dessa anglofilia seria Vinho do Mundo. A rigor, para tanto faltando a grafia World’s. Mas penso que não quiseram complicar ainda mais a pronúncia.

Quando me deparo com essas coisas, não deixo de pensar em Ariano Suassuna (saudade dele!). Que ilustrando sua reação a esse hábito brasileiro de utilizar o inglês para rotular lojas, empresas etc, se valia da história de um jovem do agreste que se apresentou a ele como “Maicon Jackson”.

Pena, não vou saber lhe contar com o incomparável humor do Ariano, leitor. Então, pra eu não passar vergonha, sinto muito, você fica sem a história! Mas fica com a reflexão: não seria melhor denominar a empresa como Vinho do Mundo? Vai ver estou errado.

Era menos sofisticado, né? Será? Murilo, deixa essa conversa pra lá e vamos ao que interessa. Esse importador, um dos três maiores de vinhos premium do Brasil, conta com cerca de 2 mil rótulos safrados de mais de 150 produtores de 14 países, entre eles França, Itália, Chile, Argentina, Portugal, Espanha, Alemanha e Hungria.

Foi criado em 1999 pelo Celso La Pastina, que herdou a experiência da família La Pastina, atuante há mais de 70 anos no setor de bebidas e alimentos finos no nosso país. Dias atrás promoveu uma feira-degustação em Recife, onde expuseram vinhos da Península Ibérica, de oito produtores.

Estavam lá as portuguesas Val da Ucha, Rocim, Carm e Krohn, e as espanholas Valderiz, Vivanco, Murrieta e Borsao. O público compareceu em bom volume, dificultando o acesso aos estandes. Por isso e também pensando no meu fígado (e “juízo”), terminei não visitando todos.

O que não me impede de comentar, visto que já conhecia quase todas as vinícolas. A Val da Ucha, nova para mim, é uma experiência da World Wine na produção de vinhos, fazendo parceria com produtores do Minho e do Dão. Por conta disso, conseguem ter preço bem competitivo.

Da alentejana Herdade do Rocim, cujo tinto Mariana tem uma boa presença em restaurantes recifenses, destaco o rosé Mariana, com cor e sabor que acompanham o padrão dos rosados da Provence.

O enólogo e proprietário da vinícola, Pedro Ribeiro, muito solícito, trouxe também sua linha Rocim e um tinto premium, Olho de Mocho Reserva, que muito agradou. A antiga vinícola Carm, do Douro, é bem conhecida no Brasil. Destaco seu ótimo vinho premium, o Carm CM. Lembrando que, além de vinhos, a Carm também elabora azeites de alta qualidade.

A Krohn, hoje pertencente à Fladgate Partnership (Taylor’s), é uma clássica produtora de Porto. Seu Colheita 2007 estava delicioso. Das boas produtoras espanholas, eu destaco dois tintos da riojana Vivanco: Colección 4 varietales e Colección Graciano e os grandes clássicos da Murrieta. Esta última, a grande estrela da degustação.

Além do branco Pazo de Barrantes, típico da uva Albariño, os tops da linha tinta, Dalmau Reserva e o icônico Castillo Ygay, deram show. Leitor, fiz inveja ao sommelier no estande da Murrieta ao comentar que já bebera um Castillo Ygay 1927. Creia, amigo, absolutamente inteiro. Fico felicíssimo com isso.

Prova que velho pode ser bom! Recomendo os vinhos comentados, mas recheie o bolso, amigo. Coisa boa custa caro! Mas o pessoal na Casa Bebidas (3327.3270) é bom de negócios. Pegando o mote da anglofilia, vou inaugurar outro arremate da minha coluna: LL. Lula Locked (enjaulado). Que assim seja até o fim dos tempos. Tim, tim, brinde à vida.

*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço

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