À mesa com Temer sem articulação de ministros
Da Coluna Folha Política
Foi o próprio presidente da República, Michel Temer, quem telefonou para o vice-governador de Pernambuco, Raul Henry, visando a agendar o almoço que deu-se, ontem, no Palácio do Planalto, com o governador Paulo Câmara. Os três foram à mesa por volta das 12h30 e terminaram o encontro às 14h30. Não se entrou no mérito da posição do PSB-PE na votação da PEC 241. Foi um diálogo de distensionamento. O presidente deixou claro que queria construir uma relação com Pernambuco através do governador. O socialista, por sua vez, traçou um retrato heterogêneo do PSB, dada a dimensão que a sigla tomou, e disponibilizou-se a ajudar o governo Temer, defendendo que, se o País não der certo, não será bom para ninguém. Michel Temer nutre um perfil conciliador - tem investido constantemente no diálogo com a base. Paulo Câmara, por sua vez, tem a cordialidade como característica, realçada pelos aliados e até por adversários. Se entre o Palácio das Princesas e os quatro ministros de Pernambuco - Bruno Araújo, Mendonça Filho, Fernando Filho e Raul Jungmann - deu-se um abismo nas relações, resultado da ausência do Estado no pacote de concessões do Governo Federal, Temer procurou, ontem, não deixar que esse estremecimento contaminasse a interlocução do Planalto com o governador. Se o governo Temer não contemplou Pernambuco no pacote de concessões, se não atendeu o pedido de compensação às perdas do FPE, parte dos deputados do PSB pernambucano também não deu voto a favor da PEC 241. A hora, ontem, parece ter sido de zerar o jogo para os dois lados. Se o Palácio das Princesas queixou-se de falta de ação dos ministros, Paulo Câmara foi à mesa com Temer, ontem, sem precisar da articulação de nenhum deles, o que pode apaziguar as relações do governador com o Planalto, mas sinalizar hiato, ainda, entre o Governo de Pernambuco e os titulares da Esplanada.
Na base da economia
Se a forma como votaram deputados pernambucanos do PSB - parte deles contrários à proposta - não foi à pauta, o tema da PEC 241 foi sutilmente tratado por Michel Temer diante de Paulo Câmara. Falou-se na retomada da confiança na economia e em como o teto de gastos proposto no Brasil foi uma coisa mais amena do que providências tomadas em outros países.
Comparando > Citou-se como referência experiências de Portugal, Espanha e Grécia, onde cortou-se salário do funcionário e aposentadoria. E ficou entendido que o Brasil está adotando a medida, tentando amenizar o buraco em 20 anos.
Também teve > Não se falou em perspectiva para votação da PEC no Senado. Adentrou-se pela necessidade de reformar a previdência.
Raio-X > Paulo Câmara fez questão de realçar como Pernambuco perdeu postos de emprego e como a crise atingiu a indústria de petróleo e gás, considerando atividade da Refinaria Abreu e Lima e de seus fornecedores.
Tecla SAP > Raul Henry é autor de uma radiografia do papel do Nordeste no desenvolvimento do País, a qual foi entregue, há algum tempo, ao secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco. Henry realçou, a Temer, a ideia de que o Nordeste precisa de um tratamento mais adequado por parte do Planalto. O presidente não disse nem que sim, nem que não.
Tamo junto > Para o último grande ato de campanha de Geraldo Julio, lideranças nacionais do PSB, como Rodrigo Rollemberg, Renato Casagrande e Carlos Siqueira, desembarcam no Recife, hoje.