Abstenção e votos do Sudeste estão entre as preocupações do PT no segundo turno, avalia Humberto
Senador comentou, entre outros assuntos, sobre a estratégia petista no segundo turno
Em entrevista ao programa Folha Política, nesta sexta-feira (21), na Rádio Folha FM (96,7), o senador Humberto Costa (PT) comentou as estratégias eleitorais do Partido dos Trabalhadores no segundo turno, tanto no âmbito nacional quanto em Pernambuco, com o apoio da campanha de Marília Arraes (Solidariedade).
As últimas pesquisas eleitorais que apontaram para o crescimento de Bolsonaro, reduzindo a distância e ameaçando a liderança de Lula, segundo o senador, não tiram o favoritismo do PT, mas explicam o recado de alerta dado pelo candidato petista para a sua militância.
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“Internamente, os nossos levantamentos estão muito estáveis desde a quarta-feira depois da eleição, sempre numa margem de 6%, 7% favoráveis a Lula. Agora, existem outros fatos - e acho que o presidente está certo em alertar todos os seus eleitores e a sua campanha - que nós precisamos fazer um esforço maior”, avaliou.
Contudo, Humberto acredita que a convicção do voto para ambos os lados está cristalizada e não há muita margem para virar votos. “Precisaria que um candidato convencesse o eleitor do outro. Não quer dizer que isso é impossível de acontecer, mas dada a estabilidade que vem há tanto tempo, creio que a posição de Lula é muito consolidada e nós vamos trabalhar para aumentar”, ponderou.
Debate e Sudeste em foco
O senador adiantou que a campanha de Lula não deve voltar ao Nordeste para focar no debate da Globo e concentrar esforços em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, os maiores colégios eleitorais do país. A prioridade é tentar melhorar nossa posição na região Sudeste”.
Sobre as críticas em relação ao desemprenho de Lula nos debates, Humberto disse que a campanha está mobilizada para que ele se prepare melhor. “Há um trabalho na preparação dele no debate e nós todos acreditamos que, no próximo debate na Globo, ele estará muito mais assertivo”.
Alertas para a campanha
A campanha de Lula está atenta para estimular o comparecimento dos eleitores às urnas, sobretudo na região onde Lula lidera com mais folga. “Nossa principal preocupação é a abstenção no Nordeste. Só que no Nordeste a maior parte dos governadores que foram eleitos estão com Lula e a maior parte dos governadores que estão no poder estão com Lula também”, ponderou.
“Tivemos um fato novo que foi essa decisão do TSE que permite que governadores e prefeitos contratem transporte para que as pessoas possam ir votar. Então, eu acredito que se nós mantivermos a votação que tivemos no primeiro turno e se conseguirmos reduzir a abstenção, acredito que temos tudo para ganhar a eleição. Por uma margem pequena, mas ganharemos”, disse.
Ausência de Ciro Gomes
Humberto comentou sobre a importância do apoio de Ciro Gomes (PDT), que ainda não se posicionou de forma explícita nem participou de nenhuma agenda junto ao ex-presidente. Apesar de ter seguido a orientação do partido no apoio a Lula, sem citá-lo, o pedetista segue ausente da campanha no segundo turno. “Se ele desse uma declaração mais contundente ou participasse de algum ato de campanha, sem dúvida alguma iria somar. Temos visto que a Simone Tebet tem feito um trabalho importante se dirigindo a parcelas do eleitorado que votaram nela”, comparou.
“Agora, o PDT entrou na campanha com força. O próprio Cid Gomes está coordenando a campanha de Lula lá no Ceará. Foi no Ceará onde Ciro Gomes teve o maior percentual de votos para presidente da República (teve 10% dos votos) e naturalmente que nós estamos trabalhando isso. Ele teve uma votação bem concentrada no Ceará. Agora, é óbvio que se até a eleição nós tivermos uma declaração dele pedindo voto para Lula e dizendo que é importante para preservar a democracia no nosso país, não tenho dúvida de que isso ajuda”.
Apoio de governadores a Bolsonaro
O senador avaliou o papel dos governadores eleitos que estão no palanque adversário. “Se você analisar, muitos desses governadores que venceram já estavam com Bolsonaro antes do primeiro turno. Alguns não colocaram muito esforço, como é o caso do Zema (MG) ou do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, ou do Rodrigo Garcia, em São Paulo. E agora estão jogando todo o esforço nisso aí. Sim, realmente estamos atentos a isso, preocupados. Tanto é que estamos priorizando a região Sudeste, que é onde há uma maior concentração de eleitores”, comentou.
“Nós tivemos um bom resultado em Minas e gostaríamos de repeti-lo ou melhorar nossa situação. E queremos um resultado melhor do que nós tivemos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Isso porque se nós conseguirmos um jogo equilibrado no Sudeste, com certeza a vantagem que nós podemos ter no Nordeste e no Norte - apesar de no Norte termos um eleitorado pequeno - nós podemos compensar um eventual resultado adverso na região Sudeste”, disse.
Lula na campanha de Marília
“A vinda de Lula foi uma coisa muito importante. Nós fizemos aí um dos maiores atos da história política do nosso Estado. O presidente também foi muito enfático em declarar o seu apoio e pedir o voto para Marília. Nós já tínhamos, como partido, manifestado a nossa posição e orientado os nossos militantes a ter um engajamento importante na campanha de Marília”, destacou.
“É bom lembrar que Marília passou seis anos no PT e nesse período construiu uma imagem muito vinculada ao partido e ao próprio presidente Lula. Eu acredito que esse aspecto de ser ela a candidata de Lula está muito claro para todo o povo de Pernambuco. E acredito que ela não só se beneficiou como vai se beneficiar ainda mais dessa questão do apoio que Lula lhe manifestou”, frisou.
Raquel x Marília
Humberto avaliou a tentativa da campanha de Marília de associar Raquel ao bolsonarismo. “Cada campanha tem a sua estratégia. Certamente que essa linha de campanha foi objeto de discussão da coordenação da campanha de Marília e deve se basear em pesquisas de opinião, na medida em que nós temos aqui realmente uma polarização”, disse.
“De um lado, tem Lula e, naturalmente, do outro lado existem pessoas que não votam em Lula, mas a grande maioria são pessoas que têm uma história aqui em Pernambuco. Foram parte daquela União por Pernambuco e são pessoas que têm uma história de conservadorismo. E ela fez uma opção de fazer esse enfrentamento por essa linha. Para nós, é importante que aqui em Pernambuco não exista um palanque de Bolsonaro. E não há”, avaliou.
“Nenhuma da candidatas está fazendo esse palanque, embora é forçoso reconhecer que boa parte daqueles que sempre se caracterizam por um perfil ideológico de direita estão na candidatura de Raquel. Não sei se dá para caracterizar isso como um palanque bolsonarista, eu acredito que não. Agora, que as forças conservadora e historicamente de direita estão no palanque de Raquel, isso aí é fato”, pontuou.
“A candidata Raquel Lyra teve um momento muito difícil e todos nós nos manifestamos solidariamente e creio que os efeitos disso que naturalmente surgem junto à população não é o que determinou nem vai determinar agora o resultado no segundo turno. Mas estamos confiantes que Marília vai ganhar no segundo turno e o partido está engajado. Há muito poucas defecções em relação a isso Todos os candidatos que disputaram a eleição estão engajados e eu creio que vamos contribuir com o resultado da eleição”.