Alice Gabino acusa Túlio Gadêlha de tentar minar divergentes dentro da Rede

Segundo a ex-candidata a governadora, deputado não quer o bloco orgânico que construiu o partido

Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Os desentendimentos que vêm se arrastando já há algum tempo entre duas alas do partido Rede Sustentabilidade em Pernambuco foram parar no congresso nacional da sigla, realizado no último final de semana, em Brasília. O deputado federal Túlio Gadêlha, filiado ao partido desde o ano passado, tentou, recorrendo à Justiça, impedir a participação dos delegados locais que se opõem a ele na eleição dos porta-vozes nacionais da sigla, mas sem êxito.

Túlio já chegou ao congresso com duas derrotadas judiciais. O deputado havia tentado descredenciar as lideranças da sigla do Cabo de Santo Agostinho e do Paulista para tirar o direito deles de participarem da estadual e, por conseguinte, do congresso nacional. Em ambos os estados, os opositores a Túlio entraram na Justiça e ganharam.

“Como ele fez manobras que ferem o estatuto, cerceando direitos, a Justiça dos dois municípios deu ganho de causa a gente, o que fez com que conseguíssemos ir, credenciados, ao congresso nacional com essa delegação”, detalhou Alice Gabino, que foi candidata a vice-governadora pelo partido no ano passado.

No dia do credenciamento, descobriu-se que Túlio havia ido à Justiça novamente, em Brasília, pedindo para anular os credenciamentos das mesmas pessoas que ele tentou fazer o mesmo em Pernambuco. “A Justiça de Brasília reconheceu o direito dos delegados e ainda ratificou que Túlio estava descumprindo as decisões judiciais dos dois municípios pernambucanos. Existe, inclusive, multa por esse descumprimento”, acrescentou.

“Túlio sai do processo derrotado, não só na política, porque a chapa dele perdeu, mas também na Justiça porque, nacionalmente, tentou dar um golpe ao querer retirar a participação da minoria da Rede de Pernambuco”, acusou Alice.

A disputa pelos cargos de porta-vozes nacionais da legenda se deu entre duas chapas: a Rede Vive pela Base, encabeçada por Heloísa Helena e Wesley Diógenes, que foram reconduzidos, vencendo o pleito com 234 votos e tem apoio de Alice Gabino e Roberto Leandro; e a Rede Vive, puxada por Giovanni Mockus e Joênia Wapichana, que ficou com 165 votos e foi apoiada por Túlio.

Alice acusa Túlio de querer tirar o bloco histórico da Rede do processo por não aceitar divergências. "O problema de Túlio é que ele não aceita ninguém divergente. Nós somos uma minoria, mas uma minoria que pauta política. Na eleição de 2022, ele apoiou Raquel Lyra (PSDB) no segundo turno, que é da direita, e nós nos mantivemos à esquerda com o grupo que temos, consistente, dentro da Rede”, relembrou.

Na análise de Alice, já ao entrar para a sigla, em 2022, Túlio deu início a “um processo de querer extirpar minorias que divirja dele”. “Ela não quer ter nenhuma pessoa do bloco orgânico que construiu o partido. Essa briga não começa agora no congresso nacional. Ela vem desde a conferência de 2022, com a chegada dele”, afirmou.

Alice reconhece a importância de Túlio dentro da rede, mas faz uma ressalva. “Túlio tem o seu valor, é um deputado que a gente respeita, mas ele precisa aceitar a regra democrática, e agora eu acho que vai ser pedagógico para ele, porque ele não pode ser totalitário. O jogo democrático não se vence no nocaute. Ele tem um mandato, mas esse mandato não cerceia a participação da minoria”, explicou.

A reportagem da Folha de Pernambuco tentou entrar em contato com o deputado Túlio Gadêlha, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.

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