Anderson Ferreira: Apoio em Pernambuco só depois da decisão de Bolsonaro

Em entrevista exclusiva, o presidente do PL em Pernambuco comemora os resultados do partido

Anderson Ferreira - Divulgação

Anderson Ferreira, presidente do PL em Pernambuco e ex-candidato ao Governo do Estado, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, avaliou o resultado do pleito deste ano. O liberal também falou, entre outras coisas, sobre apoio do PL neste segundo turno em Pernambuco; do feito do irmão dele André Ferreira, deputado federal eleito mais votado; da prioridade que vai continuar dando ao Porto de Suape, mesmo sem ter sido eleito, uma das propostas de sua campanha; e da vinda do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Recife na última quinta-feira.  

Pernambuco, nestas eleições, teve um pleito atípico com cinco candidatos bem cotados nas pesquisas de intenção de voto. Como o senhor avalia o resultado do primeiro turno?

De forma positiva. Nós fomos a única candidatura sem coligações partidárias, independente, e que apoiou o presidente da República, Jair Bolsonaro. As cinco candidaturas mais competitivas se dividiram entre duas no campo da esquerda, uma de centro-esquerda, e duas de centro-direita. Durante todo o seu mandato, o presidente priorizou o nosso estado e isso fez a diferença: tivemos um resultado expressivo e, com todo respeito aos fatos ocorridos, a eleição, com certeza, teria tido outros contornos, mas, ainda assim, considero o resultado positivo.

Algumas pesquisas apontavam um empate técnico no primeiro turno entre quatro dos cinco candidatos com as maiores intenções de voto. O senhor terminou ficando em terceiro lugar, com uma diferença pequena para a segunda colocada. Esse resultado o surpreendeu?

Na realidade, todas as pesquisas erraram. Desde o início esteve claro que havia uma polarização entre os candidatados apoiados por Lula e a única candidatura apoiada pelo presidente Bolsonaro, a nossa. Os números divulgados às vésperas da eleição já mostravam essa tendência de polarização, mas sem considerar os fatos ocorridos. Particularmente, sinto-me satisfeito porque protagonizamos, mesmo com todas as circunstâncias colocadas, uma disputa vigorosa para estar no segundo, o que poderia ter beneficiado, em muito, o presidente Bolsonaro. Mas os resultados, agora, fazem parte do passado, assim como as pesquisas.

Durante o primeiro turno, o senhor chegou a fazer uma analogia, dizendo que, aqui em Pernambuco, a disputa se assemelhava a uma partida do jogo de tabuleiro War. Disse que havia candidato que achava que porque tinha apoio de mais prefeitos do interior acharia que iria ganhar as eleições. Independentemente do resultado, o senhor provou que tinha razão? Até que ponto apoios de prefeitos contam para uma eleição a governador?

Não se trata de apenas de apoio de prefeitos, porque todo mundo quer contar com apoios a sua candidatura. A questão é: mas a que custo? Disse desde o início que não faria minha campanha assumindo compromissos político-partidários no sentido de trocar cargos por apoios. Quem esteve com a gente, quem acreditou na nossa mensagem, o fez porque entendeu que poderíamos fazer de Pernambuco um estado com a realidade completamente diferente da qual se encontra.

Suape

Mesmo fora da disputa, Suape continuará sendo uma prioridade para o senhor? De que forma o senhor vai lutar por isso agora?    

Qualquer tema que seja de importância para o povo de Pernambuco continuará sendo uma prioridade pra mim e Suape é um deles. As eleições passaram, mas tudo o que puder fazer, farei. Como disse ao longo de toda a campanha, o Porto de Suape é joia da coroa e a mola propulsora da economia do nosso estado, que perdeu sua autonomia durante o governo Lula e que, agora, no governo Bolsonaro, passa a se reerguer. O que é realmente preciso é se construir um caminho de convergências que possa colocar Pernambuco à frente, e nós estaremos sempre à disposição.

Como o senhor avalia o resultado do presidente Jair Bolsonaro em Pernambuco no primeiro turno das eleições em Pernambuco?

Avalio de forma extremamente positiva. Mais uma vez, as pesquisas protagonizaram um cenário inexistente, em que apontavam o presidente com 19% das intenções de voto e o resultado final chegou aos 30 pontos percentuais. Quando as pesquisas apontam um quadro de dificuldade, no fundo, tentam puxar o candidato para baixo. E mesmo com esse cenário, todo o trabalho que foi feito pelo Governo Federal em Pernambuco, e aí temos que reconhecer que foi um grande trabalho, trouxe resultados ao presidente. E Bolsonaro, que priorizou o nosso estado durante todo seu mandato, teve o seu reconhecimento. E esse reconhecimento é algo histórico: o PL em Pernambuco conseguiu eleger quatro deputados federais, cinco estaduais e mais um aliado, bancada nunca antes conquistada. Quando você assume a responsabilidade de comandar uma eleição no estado pela convocação do presidente da República, é preciso pensar no resultado como um todo e não apenas no seu, isoladamente.

O presidente esteve aqui na última quinta-feira. A agenda foi diferente das outras. Não teve motociata, por exemplo. Foi uma mudança de estratégia?

Eu sou um militante do presidente e do partido, portanto, a agenda tinha alguns pontos prioritários específicos, como encontros com lideranças evangélicas, e uma manifestação que ocorreu de forma espontânea para aqueles que quiseram abraçar o presidente. Então, sim, foi uma agenda diferente, com uma outra conotação.

Irmão

André Ferreira (PL), seu irmão, foi o deputado federal eleito mais votado. Talvez o senhor já fizesse ideia de que ele seria eleito, mas esperava a expressiva quantidade de votos que ele recebeu?

André é um parlamentar muito dedicado e focado em trabalhar por Pernambuco. É, inclusive, vice-líder do governo Bolsonaro e nos últimos quatro anos fez um trabalho brilhante e incansável. Particularmente, enquanto prefeito do Jaboatão dos Guararapes, fui muito bem atendido pelo seu mandato, assim como tantos outros municípios do estado. Então, vejo a votação como um reconhecimento natural ao seu trabalho e à sua vocação para o serviço público.

E o candidato do senhor ao senado, Gilson Machado (PL), não foi eleito, mas ficou em segundo lugar, também com número expressivo de votos. O que faltou na campanha eleitoral de Gilson para ele ser o senador de Pernambuco?

Gilson disputou sua primeira eleição para o Legislativo e obteve uma votação expressiva. Ocupou um papel de grande importância ao meu lado e ao lado do presidente Bolsonaro. Muitas vezes, o resultado de uma eleição não reflete o que faltou, mas o reconhecimento obtido. Acho que ele sai grande dessa disputa.

Oficialmente, o senhor já resolveu quem vai apoiar neste segundo turno para o governo de Pernambuco, Marília Arraes (Solidariedade) ou Raquel Lyra (PSDB)?

Desde o início tenho deixado claro que não irei me manifestar enquanto o presidente da República não adotar uma decisão. Meu compromisso é com a reeleição de Bolsonaro e todos sabem disso, portanto, vou aguardar. 

Quais serão os próximos passos do PL em Pernambuco sob a sua gestão?

O PL fez um balanço positivo do primeiro turno das eleições e agora segue focado na reeleição do presidente da República. Após o resultado do segundo turno, o qual não tenho dúvida alguma de que iremos reeleger o presidente Bolsonaro, iremos discutir os próximos passos. Não tenho pressa para realizar esse debate porque o nosso foco é com a reeleição do presidente.

E quanto ao seu futuro político, o que há em mente?

Ainda é muito cedo para fazermos avaliações individuais. A política não tem espaço para atos solitários, mas, sim, solidários. Essa será uma avaliação que vai ser feita junto com o partido e, assim espero, com o presidente da República reeleito.

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