Antônio Campos: "Falta uma política cultural à Secretaria de Cultura e à Fundarpe"
Depois de anunciar o cancelamento da edição deste ano da Fliporto, o advogado e escritor explicou os motivos que levaram a tomar essa decisão. Segundo ele, a Cultura no Estado está entregue ao PCdoB, “força que colocou Olinda na situação em que se encontra”. Ele afirma que falta “uma política cultural sistemática à Secretaria de Cultura e à Fundarpe”, e que o Governo privilegia o Turismo em detrimento da Cultura. E garante que a festa literária será retomada no próximo ano.
O senhor diz não ter recebido apoio do Governo do Estado para a Fliporto. Na sua opinião, isso se deve a que?
Antônio Campos - Inicialmente, minha maior crítica é à política cultural do Estado, neste momento. Já disse isso em entrevistas neste ano. Está entregue ao PCdoB, que é a mesma força que colocou Olinda, Patrimônio Cultural da Humanidade e 1ª Capital da Cultura Brasileira, na situação em que se encontra. Veja a matéria em um importante jornal, publicada nesta semana, sobre as condições que a MIMO está sendo recebida este ano, na cidade de Olinda, evento este que não ocorreu ano passado por falta de apoio. Falta uma política cultural sistemática à Secretaria de Cultura e à Fundarpe. São muitas as reclamações da classe artística. Vejo um privilégio, também, ao Turismo em detrimento da Cultura.
Mas e sobre o Governo do Estado e a Fliporto...
Antônio Campos - A Fliporto é uma festa que existe há 11 anos. Conhecida nacional e internacionalmente. Uma das três festas literárias mais importantes do Brasil, segundo a Revista Veja. Voltaremos em 2017. Começou pequena e foi crescendo. A minha entrada na Fliporto e a época de um cenário melhor de Pernambuco e do Brasil ajudaram. Fomos ajudados até 2012. Todas as pequenas ou grandes festas literárias são ajudadas no Brasil e no exterior. Em 2013, ante a contaminação do ambiente político devido à pré-candidatura de Eduardo Campos, tomei a corajosa decisão de devolver um patrocínio. A Empetur patrocinou a Feira de Livros da Andelivros, que aconteceu durante a Fliporto, mas esses recursos, em dimensão pequena, em nenhum momento foram utilizados pela festa literária, inclusive sendo um projeto autônomo.
E não houve a Feira de Livros ajudada e que aconteceu durante a Fliporto?
Antônio Campos - É preciso contar uma história. No início havia a Bienal do Livro, posteriormente assumida por Rogério Robalinho, juntamente com a Cepe. Depois veio a ser a Fenelivros, cuja 2º edição foi em outubro deste ano, com forte apoio da Cepe e do Governo do Estado. O Governo do Estado, no lugar de apoiar a Bienal do Livro e a Fliporto, optou por uma nova feira de livros inclusive buscando a Associação que produzia a Fliporto até recentemente, que este ano preferiu não participar da Fliporto. Quisemos protocolar o projeto Fliporto, este ano, com outra produtora executiva, uma vez que faço apenas a parte cultural e diante de algumas exigências, inviabilizaram o protocolo e mesmo o projeto.
O senhor criticou o PCdoB. A Prefeitura de Olinda ajudava a Fliporto?
Antônio Campos - A Prefeitura de Olinda nunca entrou com um centavo e nunca tentou buscar um apoio para o evento. Achavam um verdadeiro favor nos aceitar em Olinda. Enquanto aconteceu na Praça do Carmo, pagávamos, entre outras, as despesas de manutenção, limpeza e segurança da Praça, como contrapartida pela cessão do espaço. Em 2014, notamos dificuldades para obter a cessão e decidimos locar um espaço privado, o Colégio São Bento, para realização do evento. As fiscalizações da Prefeitura aos parceiros eram acima da razoabilidade, especialmente em 2015.
O senhor vê prejuízo para Olinda?
Antônio Campos - Sempre lutarei pela melhoria de Olinda e pelas causas que ajudem a cidade, que muito amo. Essa decisão não tem nada a ver com resultado eleitoral. É uma decisão diante de um cenário adverso para a realização de uma festa literária que precisa de mais apoio. Vejo o futuro com esperança e a Fliporto voltará em 2017, repaginada e mais forte.