Atitude de Bolsonaro pós-eleição estimulou o vandalismo em Brasília, segundo Fernando Lins
Para o presidente da OAB-PE, houve negligência do governo e autoridades devem ser responsabilizadas
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seccional Pernambuco, Fernando Ribeiro Lins, comentou hoje (09), em entrevista ao programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7, os atos de vandalismo que ocorrem, ontem, em Brasília. "O pior é a gente observar instituições que resguardam a democracia do nosso país sendo atacadas, o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, que são exatamente as entidades que dão sustentação ao estado democrático de direito sendo vilipendiados dessa forma", afirmou.
De acordo com Lins, simpatizantes, apoiadores e políticos bolsonaristas que vêm compartilhando vídeos das manisfestações e exaltando os atos podem ser responsabilizados. "Não só os executores, mas essas pessoas que estimulam movimentos como esses, golpistas, que vão de encontro ao estado democrático de direito, que vão de encontro ao novo governo eleito de forma democrática, queiram ou não queiram, e tem que ser respeitado", disse.
Para Lins, não podem ser responsabilizados apenas os executores, mas principalmente os financiadores dos atos golpistas. "A gente observa que se não houvesse o apoio de outras pessoas no pagamento desses ônibus para o deslocamento a Brasília, hotel, alimentação, com certeza isso não teria acontecido", esclareceu.
O advogado disse que o que causa estranhamento é isso tudo ter sido orquestrado no fim de semana, e o governo do Distrito Federal não estar preparado para poder conter. "No instante que se observa grupos que são formados, muitas vezes fechados, no WhatsApp, passam a orquestrar isso, e a gente sabe que os governos têm suas inteligências para que possa acompanhar esses acontecimentos previamente", acrescentou.
Na visão de Lins, quando se observa autoridades de férias, viajando quando deveriam estar presentes em Brasília e isso não ocorre, essas autoridades têm que ser responsabilizadas.
O advogado classificou a medida do ministro Alexandre de Moraes em relação ao governador Ibaneis Rocha como uma "medida dura", mas dados os acontecimentos, entende como pertinente para a salvaguarda do estado democrático de direito. "O poder público tem que ter uma resposta à altura", justificou.
Para o presidente da OAB-PE, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem culpa nos atos de ontem. "Quando a gente observa que, concluído o resultado das eleições, não houve exatamente um posicionamento de Bolsonaro quanto a respeitar os resultado das eleições, é evidente que termina estimulando as pessoas a praticarem esse tipo de ato", afirmou.
Segundo Lins, para os crimes cometidos ontem o Código do Processo Penal estabelece reclusão de quatro a oito anos, além da pena corresponde à violência. "Vai depender de cada caso. Nessas situações, a gente observa que essas manifestações nas redes sociais vão servir de provas contra essas pessoas. É importante que o Estado se sirva desses meios para instruir o processo criminal", advertiu. A quebra de sigilo de grupos de Telegram e WhatsApp, diz ele, também podem ser realizadas para descobrir e punir os culpados.