Auxílio e crédito viram mote dos candidatos a prefeito do Recife
Com a crise econômica gerada pelo coronavírus sendo cada vez mais sentida na pele da população, postulantes à Prefeitura do Recife estabelecem programas de auxílio à microempreendedores e de transferência de renda como algumas de suas principais propostas para a campanha. João Campos (PSB) deu início a esse tipo de proposta, com a promessa de constituir "o maior programa de crédito popular que o Recife já viu". O projeto do socialista garantiria o empréstimo de R$ 3 mil, com juros de 0,99% e quatro meses para que o cidadão comece a pagar. O programa determina ainda que a última parcela seria por conta da prefeitura, desde que a pessoa que tomou o empréstimo tenha honrado as demais. "Mesmo empreendedores negativados poderão receber o Crédito Popular do Recife", garante.
O programa proposto por Marília Arraes (PT) tem o nome de "Retomada", voltado para "os pequenos negócios das comunidades, os comerciantes de bairro e os trabalhadores informais". Eles poderão receber valores de R$ 1 mil a R$ 5 mil, com a Prefeitura bancando metade da dívida e o pagamento da outra metade sendo realizado em 24 vezes sem juros.
"Ao contrário de João Campos, a gente não vai cobrar juros de quem já foi tão massacrado", disse a candidata no guia eleitoral no qual apresentou a proposta. João e Marília, inclusive, estão entre os candidatos a prefeito que, ontem, lançaram a Bancada da Renda Básica, que tem como objetivo lutar por uma renda básica cidadã nos municípios, por conta da demora da implementação da medida em caráter federal.
Auxílio
Também ontem, o candidato Coronel Feitosa (PSC) anunciou a proposta do Auxílio Cidadão Verde Amarelo, inspirado no programa aplicado pelo Governo Federal. O programa do candidato é voltado para 95 mil famílias que vivem em situação de extrema pobreza no Recife e pretende dar um auxílio de R$ 120 por unidade familiar, desde que a renda mensal bruta por pessoa seja de até R$ 178. “São famílias que passam fome, que se alimentam de pombos, vivem em palafitas e até mesmo nas praças e calçadas" disse Feitosa.
Para a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa, os programas apresentados "têm, sim, um apelo populista" e se baseiam no sucesso não apenas do Auxílio Emergencial do governo Bolsonaro, mas também do Bolsa Família, criado na gestão petista. Para ela, os candidatos sabem da "fragilidade da saúde fiscal" municipal e tem ciência de que há, possivelmente, "uma profunda crise econômica a partir de 2021".
"Sabe-se que as medidas para mitigar os efeitos do coronavírus formaram uma bolha, mas que estão muito longe de promover a recuperação econômica e a geração de empregos. A solução que os municípios vão poder adotar é apoiar os pequenos produtores com o acesso ao crédito, por exemplo. Só não se sabe a viabilidade desses programas desenhados, ao que parece, a toque de caixa", afirma. "A tendência é que a demanda por políticas de renda e de acesso ao crédito aumente e a capacidade de viabilizar essas políticas se reduza. No jogo eleitoral, parece valer mais o interesse imediato", acrescenta.