Candidatos ao Governo de Pernambuco apostam nas cores para reforçar simbolismo
Com o início da campanha, candidatos majoritários escolhem cores para marcar suas campanhas
Vermelho, amarelo, azul, roxo, branco, laranja, entre outras. Na última terça-feira (16), começou a campanha eleitoral e as ruas do Recife e dos outros municípios já se vestem de cores. Muitas. E há tempos que elas servem para identificar os candidatos – principalmente aqueles que disputam os cargos majoritários. Este ano, por exemplo, algumas mudanças surpreenderam logo no primeiro dia. Mas há outras curiosidades nessas escolhas.
“As cores em uma campanha política têm diversas funções. Servem, por exemplo, para identificar as candidaturas na paisagem; transmitem certos sentimentos e trazem uma subjetividade relacionada a determinadas ações. Tem uma origem tribal, onde grupos distintos se identificam pelas cores que usam. No interior, essa ainda é uma questão muito forte”, explica o consultor e professor em Marketing Político, César Rocha.
Socialistas
Este ano, de cara, já foi possível identificar uma mudança significativa na Frente Popular, liderada pelo candidato a governador Danilo Cabral (PSB). O tradicional amarelo dos socialistas foi trocado pelo vermelho petista. Apesar de o candidato, quando questionado, não ter explicado o motivo, o fato é que a necessidade de ter sua imagem vinculada ao PT – que faz parte da sua coligação - e, especialmente, ao candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva pesou nesta campanha muito mais do que a tradição.
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No seu primeiro evento público, Danilo não vestiu branco, como também já é uma praxe do PSB, e optou pelo vermelho para caminhar pelas ruas de Brasília Teimosa. Já a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, mesmo tendo deixado o PT este ano, não abriu mão do vermelho – usado em sua campanha para a Prefeitura do Recife em 2020. Disputando o eleitorado petista com Danilo, ela preferiu não assumir a cor laranja – também tradicional dos candidatos da sua nova legenda na busca de atrair os apoiadores de Lula.
Bolsonarismo
Enquanto os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, elegeram o verde e o amarelo para se identificar como seus apoiadores desde o pleito de 2018, o seu candidato oficial em Pernambuco e principal cabo eleitoral por essas bandas, Anderson Ferreira (PL), segue preferindo o azul. Segundo lembrou sua assessoria, a cor já foi usada em suas duas eleições a prefeito de Jaboatão.
Também já tendo repetido o sucesso nas urnas quando se elegeu duas vezes como prefeita de Caruaru, a tucana Raquel Lyra – que adotou o roxo novamente nesta disputa - respondeu que a escolha é, justamente, para fugir da polarização que toma conta da eleição nacional, com reverberação nas disputas estaduais. A cor, no entanto, é um dos símbolos do movimento feminista. Ela tem origem no movimento sufragista em 1870, na Inglaterra, quando as mulheres reivindicavam sua participação ativa na política, principalmente o direito de votarem e de serem votadas.
Outro ex-prefeito que concorre ao Governo nessas eleições é Miguel Coelho, de Petrolina. No seu caso, a opção pelo azul talvez seja a tradição mais longeva entre todos os concorrentes. Isso porque ela começou na primeira eleição do seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho, na década de 1980, para a Assembleia Legislativa. Desde lá, não importa o partido que o parlamentar e seus filhos estejam - além de Miguel, estão na política os deputados federal e estadual, Fernando Filho e Antônio –, o azul sempre predomina. Na sua cidade natal, como já dito lá em cima, as cores e os líderes políticos estão muito bem separados.