Cientista político avalia as dificuldades que serão enfrentadas por Bolsonaro em 2022
O cientista político analisa o governo do presidente e suas chances de ser reeleito
A situação do presidente Jair Bolsonaro (PL) é extremamente delicada, na avaliação do professor e cientista político Elton Gomes, convidado do programa Folha Política, desta terça-feira (17), na Rádio Folha 96,7 FM. Segundo o estudioso, as dificuldades na gestão da pandemia e as restrições da atividade econômica são fatores críticos da administração federal. Além disso, o chefe do Executivo teria dificuldades, até o momento, de se projetar além da sua base orgânica de apoiadores.
“Por mais que estejamos longe do processo político eleitoral, e que a opinião pública ainda vai reagir a novos estímulos, as pesquisas mostram o ex-presidente da República (Lula) performando muito bem e tendo condições de não só preservar essa base orgânica de também 25%, 30% do outro extremo do messianismo político e do populismo brasileiro, mas também de conseguir votos do espectro da centro-esquerda melhor dizendo, que lhe daria uma capacidade eleitoral bastante interessante, e que seria realmente muito forte, ao ponto de não fazê-lo vencer no primeiro turno, mas fazendo chegá-lo muito forte ao segundo momento do pleito”, analisou.
Para o acadêmico, Bolsonaro precisa de uma política de elevação de gastos públicos, principalmente na forma de programas assistenciais, caso queira conquistar os votos das políticas brasileiras mais ao centro.
Economia influenciando na escolha
Além da necessidade de programas assistencialistas, a escolha por Bolsonaro, Lula, ou até mesmo Moro na terceira via perpassa a economia. “A ideia que subjaz esse quadro, é que os fatores econômicos, mas não os fatores econômicos macro, da macroeconomia, da economia política internacional dos grandes agregados econômicos, mas sim os fatores econômicos ordinários, cotidianos. O preço da alimentação, o valor das tarifas de transporte, questões associadas às cargas tributárias, sobretudo para os eleitores de classe média, situações associadas aos custos efetivos de manutenção dos meios de serviço dos quais os cidadãos precisam, jogam um papel muito importante no processo político eleitoral,” afirmou.
Caso não seja eleito, Bolsonaro será o primeiro presidente desde 1998 que se candidatou e não foi reconduzido ao cargo.
Influência das federações
Dia dois de abril é o prazo máximo para os partidos decidirem se farão parte de federações, uniões partidárias com duração de quatro anos, que afetarão as eleições estaduais e nacionais.
“Para as eleições do governo do estado, principalmente para a aliança que dará a sustentação ao presidente da república, seja ele quem for, nas duas casas do congresso, senado e câmara, a ideia de uma aliança de longo prazo, que dure quatro anos, parece muito factível. No que diz respeito às eleições locais, e o Brasil seguramente um país continental, com muitas realidades à parte, sobretudo dentro daquilo que nós chamamos de Brasil profundo, isso gera um certo inconveniente porque os nossos partidos políticos já são poucos programados e pouco consistentes em termos ideológicos. E quando você estabelece esse tipo de compromisso na forma da lei, um compromisso estabelecido formalmente por pelo menos quatro anos, isso pode não condizer a realidade efetiva da formação das alianças políticas no Brasil.A tendência é que isso se transforme, ao que parece, em uma espécie de elemento proforma, algo que existe de direito, mas não necessariamente existirá de fato por conta das muitas singularidades e peculiaridades da arena política brasileira”, analisou o cientista.
Entrevista completa no podcast Folha Política: