Cientistas políticos avaliam que troca no Ministério da Saúde não representa mudança efetiva

Geraldo Magela/Agência Senado

A troca do general Eduardo Pazuello pelo médico cardiologista Marcelo Queiroga no comando do Ministério da Saúde reforça o peso que mudanças no campo político tiveram sobre o Governo Federal nas últimas semanas. O movimento dificilmente representará uma inflexão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento da pandemia da Covid-19, segundo especialistas políticos. No entanto, houve acordo em questões fundamentais como concessão da vacinação, que já vinha ganhando nos últimos dias outro tom no discurso do Governo Federal.

Na avaliação do cientista político Antônio Lucena, o novo ministro já se adequou ao discurso do presidente Bolsonaro e que poucas mudanças virão pela frente. “Ele (Bolsonaro) quer uma figura diferente para mostrar que alguma coisa está mudando, mas na verdade, acredito que vão permanecer as mesmas coisas. Ele vai continuar ainda dando cartas. O maior exemplo é que não haverá uma inflexão desse discurso”, disse exemplificando que a falta de grandes mudanças no Ministério da Saúde se dá ao fato de Bolsonaro ter rejeitado o nome da médica Ludhmila Hajjar.

Já na percepção do estrategista eleitoral e mestre em Ciência Política, Vitor Diniz, o discurso de Queiroga que “política é do Governo Federal” é mais uma proteção para dizer que quem joga no tabuleiro político é o presidente. Assim, o novo ministro pode se imunizar dos ataques sistemáticos de apoiadores de Bolsonaro quando defender medidas que até então o Governo rechaçava como a vacinação.

“Acredito que o próximo passo do ministro é defender a vacinação em massa da população. É um discurso importante que o governo vai querer emplacar a partir de agora porque houve uma queda de popularidade por não apoiar de maneira muito enfática as vacinas.”

Outro ponto observado foi esta quarta mudança de comando da pasta de Saúde em relação às outras. Na visão da professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa, a questão do centrão ter se posicionado fez toda diferença. “O ‘Centrão’ até então estava calado sobre essas mudanças. Realmente, Bolsonaro pintava e bordava na definição do ministério e o centrão simplesmente aceitava. Agora o centrão disse  que tem limite, a realidade está se impondo, tem desgastes que não dá para negociar.” 

“A escolha do novo ministro não foi no sentido de desautorizar o presidente, mas que essa pessoa tome a frente das medidas sem desautorizar publicamente o presidente, nem que faça meia culpa, sem maior alarde de mudança da postura do presidente”, pontuou Lapa.

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