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Comissão vai debater emendas com o Governo

PEC que altera pagamento foi aprovada em comissão, mas foi retirada da pauta da sessão plenária

Plenário Eduardo Campos, na Assembleia Legislativa de PernambucoPlenário Eduardo Campos, na Assembleia Legislativa de Pernambuco - Foto: Roberta Guimarães /Alepe

Uma comissão formada por quatro deputados estaduais - dois governistas e dois integrantes da oposição - será responsável por discutir a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 24/2025, que propõe antecipar e aumentar o percentual das emendas impositivas de 0,8% para 2% sobre o orçamento, ainda este ano.

A proposição foi apresentada pelo deputado Alberto Feitosa (PL) e aprovada na manhã de ontem na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ).  

As negociações entre Legislativo e Executivo serão mediadas pela  líder do Governo, Socorro Pimentel (União Brasil), e pelo deputado estadual Adalto Santos (PP), representando a base aliada, e pelo líder da oposição, Diogo Moraes, e pelo primeiro vice-presidente da Alepe, Rodrigo Farias, ambos do PSB, representando a ala oposicionista.

Aumento

O aumento do percentual de emendas impositivas representa um impacto três vezes maior no orçamento, saindo dos atuais R$ 5 milhões para R$ 17 milhões, limite destinado a cada parlamentar.

O orçamento do Estado previsto para este ano é de R$ 55 bilhões. Uma reunião está marcada para a próxima segunda-feira, às 10h, na sala da presidência da Assembleia Legislativa e todos os deputados foram convidados.

"A comissão vai discutir o assunto com a governadora Raquel Lyra para que possamos chegar a um consenso. O nosso objetivo maior agora é estabelecer o diálogo, para que possamos garantir o mais importante: fazer as ações chegarem na ponta, atendendo às demandas da população”, argumentou a líder do Governo.

Votação
No início da tarde de ontem, a governadora convocou deputados para uma reunião no Palácio do Campo das Princesas, em uma manobra para esvaziar o plenário do Legislativo e evitar quórum na reunião ordinária que poderia votar a PEC  no mesmo dia.

A matéria precisa de 30 votos favoráveis para ser aprovada. Mas o plenário ficou esvaziado porque, pelo menos, 24 deputados foram ao encontro com a chefe do Executivo. A sessão começou por volta das 16h e a matéria acabou sendo retirada da ordem do dia.

“Se a PEC fosse votada hoje, era muito difícil ela não passar”, afirmou o autor da proposta, deputado Alberto Feitosa. Ele destacou que 36 deputados assinaram o texto, incluindo nomes da base governista.

"Nenhum parlamentar vai ser contra ter mais recursos para emendas, mas é preciso que elas caibam no orçamento do Estado", alertou o deputado Luciano Duque (Solidariedade), que em 2023 relatou a PEC também do deputado Feitosa.

A proposta, aprovada na época e válida até hoje, reajustou de 0,5% para 1,2% o percentual da receita corrente líquida para pagar emendas. Mas de forma escalonada: 0,7% em 2023; 0,9% em 2024; 1% para este ano; atingindo 1,2% no exercício financeiro de 2026.

Debate
Feitosa argumentou que a nova PEC segue o foi decidido recentemente no Congresso Nacional, considerando o artigo 166 da Constituição. O volume de recursos das emendas para os senadores agora é 2% da receita corrente líquida.

"Isso pode ser replicado para os Estados”, justificou o parlamentar. O Governo argumenta que o aumento pode comprometer o planejamento financeiro do Estado, especialmente diante da necessidade de empréstimos para investimentos.

Feitosa rebate essa preocupação, lembrando que Pernambuco teve um crescimento de arrecadação de 6,2% no último quadrimestre, o que, segundo ele, justifica o reajuste nas emendas.

“O governo comemora toda hora que tem recursos, mas esses recursos não são propriedade do Poder Executivo. Na democracia, há participação das casas legislativas.”

O deputado Luciano Duque, por sua vez, aposta no trabalho da comissão formada para discutir o assunto.

"Sou a favor do entendimento e de uma proposta que ajude também os parlamentares. Se não couber no orçamento do Estado, defendo a construção de um consenso", ressaltou Duque.

Caso seja aprovada, a PEC não precisará de sanção da governadora, sendo promulgada diretamente pelo presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB).

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