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Como o ataque a Trump molda a campanha de 2024 [Análise]

Cientista político analisa o impacto do atentado contra Trump

O candidato republicano Donald Trump é visto com sangue no rosto cercado por agentes do serviço secreto enquanto é retirado do palco em um evento de campanha - Rebecca Droke/AFP

O atentado contra o ex-presidente Donald Trump (Partido Republicano), que levou um tiro na orelha durante um comício na Pensilvânia no último sábado (13), alterou a dinâmica da campanha presidencial de 2024 nos Estados Unidos.

Segundo o cientista político Antonio Henrique Lucena, o impacto imediato foi a capitalização política por parte de Trump, que rapidamente transformou o incidente em um momento de campanha ao erguer o braço e clamar: “fight, fight, fight” [lute, lute, lute]”.

O episódio acabou desviando o foco da campanha e reeleição do atual presidente Joe Biden (Partido Democrata), que estava sob pressão para abandonar a corrida eleitoral.

Trump e Biden ajustam estratégias

Lucena destaca que tanto Biden quanto Trump precisarão ajustar suas estratégias de campanha.

"Nesse primeiro momento, acredito que já houve uma redução da pressão e do discurso polarizador que tanto um como outro fazem, até porque esse discurso polarizador é também um dos efeitos desse processo de radicalização que culmina com esses atentados. Algo bastante complicado", afirmou.

Biden segue na campanha?

O desafio estratégico para Biden agora é determinar se ele continuará na campanha e como adaptará sua abordagem.

"O novo desafio estratégico enfrentado por Biden é se ele vai seguir na campanha, se esse movimento é relevante. É analisar com cuidado como todo esse processo efetivamente vai se dar e verificar todo esse movimento", comenta Lucena.

Ele sugere que Biden deve focar em criticar diretamente a gestão de Trump, apontando áreas de incompetência, como forma de tentar virar o jogo.

Polarização

O atentado também pode influenciar o discurso político em geral, especialmente em relação à normalização da política e ao clima de polarização nos EUA.

"Já houve uma alteração em que o pessoal resolveu reduzir a belicosidade do discurso. Esses efeitos práticos vão ser sentidos nessas primeiras semanas e a gente precisa realmente continuar focado na análise, ver se isso vai ter outros impactos lá no futuro", diz Lucena.

No entanto, ele ressalta que as pesquisas de opinião mostram uma polarização tão intensa que o atentado pode não influenciar significativamente as intenções de voto.

"O país está tão polarizado, mas tão polarizado, que é possível [...] que o atentado, no final das contas, nem influencie tanto assim na dinâmica de voto lá em novembro. Quem vota em Trump, vai votar em Trump, não vai mudar de voto. Quem vota em Biden, vai votar em Biden", pontuou.

Lucena conclui que a estratégia de Biden e sua decisão de permanecer na corrida eleitoral são cruciais para suas chances de reeleição. 

"Tem que ver qual vai ser a estratégia de Biden, se ele ainda vai permanecer na corrida eleitoral, apesar de que muitas pessoas já estão dizendo que seria melhor fazer uma mudança o quanto antes, até um candidato mais viável nesse momento".

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