Conselho Federal de Psicologia vê retrocesso
“Não imaginamos que esse projeto seja aprovado. Ele é tão absurdo. Nós vamos retroceder muito na compreensão de que não existe apenas a heterossexualidade como uma forma de vivência da sexualidade. Conseguimos nos campos do ‘Psi’ e outras ciências chegar a um consenso de que existem diversas formas de orientação sexual que podem ser vividas de forma que satisfazem as pessoas”, afirmou Celso Tondin.
Para ele, o projeto abriria, caso aprovado, brechas para uma oferta de terapias de reversão sexual. “Como não há uma forma de você modelar alguém para determinada sexualidade, eu não posso oferecer uma terapia que vai deixar de ser homossexual”, garantiu. Tondin defendeu que a proposta abriria a oferta de terapias que não possuem base científica. “Pelo contrário, já provaram que provocam danos psíquicos graves às pessoas”.
Além disso, o conselheiro frisou que não se pode tratar a homossexualidade como uma patologia. “Então, é fundamental pensarmos em outro ponto: se não é doença, não posso prometer uma cura. E se eu não tenho base científica para atuar, não posso execer isso na psicologia, pois fere o código de ética profissional”, argumentou Tondin.
O deputado João Campos acredita que o CFP extrapolou o seu poder de regulamentar, ao restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional.
De acordo com ele, já houve propostas anteriores que “não vingaram” e que, agora, os defensores do projeto argumentam que não se trata da “cura gay”, mas de dizer que o Conselho Federal de Psicologia extrapolou a sua função e legislou.
Sobre esse suposto “excesso” da entidade, Celso Tondin foi incisivo e negou. “O Conselho não extrapolou. Ele regulamenta a profissão e está cumprindo a sua função. Já existem decisões judiciais nesse sentido. O psicólogo pode atender o homossexual, mas não pode oferecer cura. Pode buscar as razões desse sofrimento e tratar isso do sofrimento decorrente do preconceito social”, finalizou.
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