Construção de federações partidárias redesenham cenário para 2026 em Pernambuco
Definição das alianças pode alterar os apoios na disputa entre Raquel Lyra e João Campos pelo Govern
A disputa pelo Governo de Pernambuco em 2026 já começou. No entanto, as armas de cada lado ainda não estão definidas. O diálogo e articulações para a formação de federações partidárias, no entanto, avançam e começam a desenhar os personagens do confronto. A governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), despontam como principais adversários no pleito, mas as mudanças no cenário partidário podem alterar os apoios políticos e a estrutura das candidaturas. A composição das federações e a disputa interna por controle dos partidos têm potencial para influenciar significativamente a eleição, com algumas siglas vivendo momentos de indefinição.
União e PP
O União Brasil e o Progressistas (PP) caminham para a formalização de uma federação, o que pode alterar a dinâmica política em Pernambuco. No estado, as duas legendas estão em lados opostos. O União Brasil, presidido por Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina, integra a base de João Campos. Já o PP, sob o comando de Eduardo da Fonte, é aliado da governadora Raquel Lyra.
A federação entre as siglas já foi aprovada pelo PP, e a decisão final cabe ao União Brasil.
“Esse assunto não foi tratado internamente dentro do União. Não foi discutido. Tudo especulação”, disse Miguel Coelho, questionado sobre o PP.
Caso seja concretizada, o critério nacional para a divisão de comandos nos estados pode colocar o PP à frente da federação em Pernambuco, considerando sua maior representatividade em cargos eletivos no Estado. Isso significaria uma mudança na liderança do grupo, impactando diretamente a posição do União Brasil na eleição estadual.
Nos bastidores, um integrante do União Brasil afirmou, em caráter reservado, que a federação pode levar o partido a apoiar Raquel Lyra, mesmo com sua atual aliança com João Campos. Essa mudança de posicionamento, caso confirmada, representaria uma perda para o prefeito do Recife, que ficaria sem um aliado estratégico na disputa pelo governo estadual.
Além disso, tanto Eduardo da Fonte quanto Miguel Coelho são cotados para disputar uma das duas vagas ao Senado em 2026. Essa concorrência dentro da mesma federação exigiria um alinhamento entre os dois líderes, o que pode ser um fator adicional na definição da posição do grupo em relação à eleição para o governo.
PSDB
Outro partido que passa por um momento de indefinição em Pernambuco é o PSDB. A sigla foi a legenda da governadora Raquel Lyra até o dia 10 deste mês e agora abriga a vice-governadora Priscila Krause. No entanto, a composição da direção estadual pode levar o partido a assumir outro posicionamento na disputa de 2026.
Atualmente, o diretório estadual está sob comando de um aliado de Raquel Lyra, Fred Loyo, mas há uma movimentação para que o deputado Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), assuma a presidência do PSDB no estado. Porto tem uma relação mais próxima com João Campos e um histórico de divergências com a governadora. Caso essa mudança se concretize, o PSDB pode deixar de ser um aliado natural de Raquel Lyra e se aproximar do prefeito do Recife.
Além disso, o PSDB avalia diferentes cenários para a sua federação partidária. Entre as possibilidades, há uma aproximação com o Podemos, partido que já está na base da governadora. No entanto, há também tratativas envolvendo Republicanos e Solidariedade, que atualmente apoiam João Campos. A escolha da federação pode definir o posicionamento da sigla na eleição estadual e impactar a disputa entre os dois pré-candidatos.
Solidariedade
Outro fator relevante na configuração dos apoios partidários é o Solidariedade. O partido tem como principal liderança em Pernambuco a ex-deputada federal Marília Arraes, que foi candidata à prefeitura do Recife em 2020 e ao governo em 2022, sendo derrotada por João Campos e Raquel Lyra, respectivamente.
Apesar dessas derrotas, Marília Arraes mantém influência política no Estado e se coloca como uma liderança de oposição à governadora. A tendência é que o Solidariedade reforce o palanque de João Campos em 2026, ampliando a base de apoio do PSB. Por sinal, a ex-deputada vem sendo importante no diálogo com o PSDB.
"Expliquei ao diretório nacional do PSDB a situação de Álvaro Porto, que é tucano, mas rompeu com Raquel. Hoje, ele é uma das figuras políticas mais importantes de Pernambuco. Destaquei a importância de mantê-lo no partido. No entanto, ele estava de saída justamente por causa de Raquel", afirmou.
A posição do Solidariedade no contexto das federações partidárias também está em discussão. Marília indicou que as negociações levarão em conta as particularidades estaduais e destacou a importância de sua sigla no cenário local.
"Na federação, haverá acordos para cada estado, onde os partidos apresentam o cenário e se chega a um consenso sobre quem comandará a federação em cada unidade da federação. Aqui em Pernambuco, o Solidariedade é prioridade."
Apesar das movimentações, a definição dos apoios ainda pode levar meses, dependendo do desenrolar das federações e das composições partidárias.
"O cenário ainda está bastante indefinido. Quem tem prazo, não tem pressa. O prazo é até daqui a um ano, quando a janela partidária se fecha. Pressa não combina com política", concluiu Marília Arraes.
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Federações
A formação das federações e as mudanças no controle dos partidos devem ter impacto direto na estrutura das candidaturas de Raquel Lyra e João Campos. Com as atuais movimentações, a disputa pelo Governo de Pernambuco em 2026 se desenha como um embate entre duas candidaturas que disputarão não apenas o voto do eleitorado, mas também o apoio das federações e partidos que definirão seu posicionamento nos próximos meses. O cenário ainda pode sofrer novas alterações à medida que as federações forem oficializadas e os diretórios estaduais definirem suas lideranças e alianças.
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