Desafios dos Festivais de Teatro e Circo são discutidos em audiência na Câmara do Recife
Encontro foi proposto pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) e aconteceu no Plenarinho
A vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) promoveu audiência pública com o tema: "Os Desafios dos Festivais de Teatro e Circo do Recife". Vários artistas participaram do encontro realizado no Plenarinho da Casa de José Mariano, na quarta-feira (19), e transmitido via videoconferência. Segundo a parlamentar, a audiência faz parte de um conjunto de ações com o objetivo de contribuir para o fortalecimento e ampliação das políticas públicas para a arte e a cultura da cidade do Recife.
“Nossa principal meta é qualificar a oferta de bens e serviços culturais para o povo Recife porque a cultura é democracia e é direito. Pretendemos contribuir com o debate para o fortalecimento dos festivais de artes cênicas no Recife. Queremos ampliar a ocupação da Câmara do Recife por artistas, técnicos, produtores, gestores culturais e todos os tipos de fazedores de cultura”, ressaltou Cida Pedrosa.
Segundo a vereadora, é importante ter ciência do que circula na economia de uma cidade em decorrência do trabalho cultural. “Vejo a luta da cultura e da economia criativa como uma cadeia produtiva que gera renda. Tem que haver uma posição firme na defesa intransigente do direito à cultura para o conjunto da nossa população. A cultura precisa ser um marco civilizatório em toda a cidade do Brasil”.
Arnaldo Siqueira, do Cena Cumplicidades Festival Internacional de Artes Cênicas, contextualizou a questão histórica da cena cultural recifense e disse que dois aspectos de caráter históricos dão subsídios em relação à importância dos festivais e o papel que eles cumprem.
“O primeiro aspecto é que o Recife nasce por meio do porto da cidade e, por meio deste, surge uma troca de costumes, ocasionando uma dinâmica cultural. O segundo aspecto foi em relação à navegação aérea comercial. Os aviões eram obrigados a fazer uma parada técnica de dois dias e os artistas aproveitavam e faziam apresentações no teatro Santa Isabel e demais locais no Recife. A partir daí, vai configurar essa cidade como um potencial nas artes cênicas, sendo a terceira força do Brasil”, declarou Arnaldo Siqueira.
Cristiane Galdino, do Festival Internacional de Mágica, salientou os festivais como locais de formação e de encontro. “Encontro tão fundamental e tem que ser potencializado. A gente, por exemplo, faz um festival de dois em dois anos porque é uma grande ação e esse encontro é do público e serve como formação também. Além de trazer pessoas de fora, queremos democratizar esse acesso. O caminho do festival é coletivo e o grande desafio é a atenção e as formas de viabilização”.
Paula de Renault, do Festival Internacional de Teatro de Pernambuco, ressaltou que o momento atual é de agir e citou sugestões. “Os festivais têm que ser tratados como política pública. É preciso pensar estratégias de sustentabilidade, um modelo de financiamento e gestão adequados às necessidades específicas de nossas estruturas. Precisamos também de uma calendarização e de um fomento contínuo”.
Representando a sociedade artística presente na discussão, o ator e pesquisador Leidson Ferraz destacou a importante contribuição para a formação dos artistas que o Festival do Recife no Teatro Nacional faz, que também faz parte da sua história profissional.
“Eu, como ator, estreei profissionalmente em 1995, mas não passei pela universidade para me tornar ator, fazendo o curso de artes cênicas. Essa não foi a minha formação. Eu já fiz muito curso, e muitos deles foram nesses festivais, que não acontecem há três anos. Eu sou cidadão e quero aproveitar esses momentos. A gente precisa tocar na ferida sobre a não realização dos festivais e a memória do teatro”, afirmou Leidson Ferraz.
O Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) foi destacado por André Brasileiro, secretário-executivo da Cultura do Recife. Ele afirmou que "quando se vira uma política de estado" é mais fácil avançar. “O SIC fez mudanças no edital e colocou recursos específicos”, disse. André Brasileiro também exaltou que a criação de festivais têm que ser pensadas “para a cidade” e não apenas para os pares.
“É papel do poder público, num país que tem tanta gente abaixo da linha da pobreza, permitir que essas pessoas também tenham acesso à cultura. Já estamos trabalhando na continuidade do Festival da Dança do Recife, da Amostra de Circo e da retomada do Festival do Recife no Teatro Nacional que, para mim, é uma bandeira bastante importante”, pontuou André Brasileiro.