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Divergências internas marcam PSOL em Pernambuco, afirma Dani Portela

Deputada destaca que alguns integrantes do partido adotam postura de resistência à expansão da sigla

FOLHA POLÍTICA - Entrevista com Dani Portela. - Júnior Soares / Folha de Pernambuco

Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, a deputada estadual Dani Portela (PSOL) relatou as tensões internas que marcaram o último período dentro do partido, apontando para um clima de instabilidade e disputas entre diferentes grupos dentro da legenda. Por meio de uma carta em rede social, no final de outubro, Jesualdo Campos, agora ex-dirigente do PSOL e esposo da deputada estadual Dani Portela (PSOL), anunciou seu desligamento do partido e de mais duas pessoas ligadas à equipe da parlamentar. Para Portela, as crises não surgiram apenas de divergências eleitorais, mas refletem uma série de questões mais profundas sobre a estrutura e a tática política adotada pelo PSOL.

De acordo com a deputada, o partido tem uma história marcada pela luta e pela disputa interna, característica de partidos com uma democracia interna ativa. Porém, Portela destaca que, nos últimos anos, alguns integrantes do PSOL têm adotado uma postura de resistência à descentralização e à expansão da legenda para além das grandes regiões metropolitanas, especialmente no Nordeste e no interior de Pernambuco.

“O PSOL ainda tem muita dificuldade de interiorização. O partido está muito focado nas regiões metropolitanas e isso limita seu crescimento", afirmou.

O foco de Dani Portela e seu grupo foi sempre a ampliação do alcance do partido no interior, especialmente em cidades do interior de Pernambuco. A deputada defende uma estratégia eleitoral que descentralize os investimentos e promova a interiorização do PSOL, uma vez que a legenda tem pouca representação em regiões fora dos grandes centros urbanos.

"O PSOL não tem deputado federal no Nordeste há 20 anos. Isso precisa mudar", frisou.

Entretanto, a defesa dessa tática de interiorização e descentralização encontrou resistência interna.

Portela revelou que, durante a preparação para as últimas eleições municipais, uma divergência tática sobre o foco eleitoral no Recife levou a um afastamento abrupto de três dirigentes estaduais ligados à sua corrente dentro do partido, incluindo o seu marido, Jesualdo Campos, e os aliados Fran Silva e Anderson Barbosa.

"O grupo que dirigia o partido, sem sequer notificar ou abrir espaço para a defesa, afastou essas pessoas sumariamente da direção do partido", relatou a deputada.

Essa decisão foi vista por ela como arbitrária e desrespeitosa, pois não houve nem a oportunidade de debate, nem o devido processo de defesa, algo fundamental em qualquer organização democrática.

"Isso é um desrespeito com todos que estão dentro do PSOL, um partido que sempre se orgulhou da sua construção coletiva", disse. Para Portela, essa atitude reflete um problema maior dentro do PSOL, que se apequena com essas práticas de centralização de poder e ausência de diálogo interno.

Portela também comentou que poderia ter recorrido à Justiça para resolver a situação, mas decidiu não judicializar o caso para evitar a imagem de um conflito aberto com a própria legenda.

"Eu sou advogada, politicamente estava correta e juridicamente também. Mas eu optei por não judicializar, pois não queria que as notícias fossem sobre uma disputa interna com o meu próprio partido", explicou.

Apesar das críticas à condução interna do PSOL, a deputada reafirmou sua fidelidade ao projeto do partido e deixou claro que sua crítica se dirige a um grupo específico dentro da legenda, e não ao PSOL como um todo.

"O PSOL é o meu primeiro partido, acredito muito no projeto do partido, acho que é um partido muito sério. Mas é preciso que as práticas internas sejam revistas", afirmou. Para ela, as disputas internas e as práticas de perpetuação do poder em pequenos grupos são as principais responsáveis por impedir o crescimento e fortalecimento do partido.

Confira a entrevista completa: 

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