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"É um defeito da Frente Popular não saber capitalizar os feitos", diz Luciana Santos em sabatina na Rádio Folha FM

Veja a entrevista com a candidata a vice-governadora na chapa encabeçada por Danilo Cabral

Sabatina com Luciana Santos (PCdoB) - Folha de Pernambuco

Assista à sabatina na Rádio Folha FM 96,7 com Luciana Santos (PCdoB), candidata a vice-governadora de Pernambuco na chapa encabeçada por Danilo Cabral (PSB).

A sabatina aconteceu no programa Folha Política, que começa às 11h30, e teve duração de 30 minutos. 

Assista ao vivo:

A entrevista foi ancorada pelo radialista Jota Batista e teve a participação dos colunistas Renata Bezerra de Melo e Edmar Lyra.

A série de sabatinas com os postulantes a vice de Pernambuco acontece até o próximo dia 13 de setembro.

 

Danilo estagnado
Primeiro, acho natural que num embate eleitoral haja a exploração das contradições entre as candidaturas. Faz parte da luta política, assim como nossos adversários também atacam a candidatura de Danilo (Cabral) e tudo o que foi realizado pela Frente Popular. Acho que a gente vive um contexto de muito desânimo por parte da população. Muitas vezes ela não distingue direito quais as intervenções do Estado e as da União. Ela apenas tem um estado de espírito de retrocesso. O Brasil voltou ao mapa da fome, o desemprego é galopante, embora haja uma recente recuperação. Essa é uma primeira explicação diante da resistência de ascensão de Danilo. Mas ja vivemos essa situação muitas vezes. Quando fui prefeita de Olinda, meu governo não era bem avaliado e eu ganhei em primeiro turno na reeleição. Paulo (Câmara) mesmo, em 2018, partiu atrás nas pesqisas e ganhou a reeleição no primeiro turno. Muitas vezes eu acho um defeito da Frente Popular: a gente teve muita dificuldade de capitalizar os feitos, mas eles são incontestes. Apesar da crise simultânea que o Brasil está em Pernambuco, apesar da perseguição de Bolsonaro, é um governo que fez e faz muitas entregas. Na pandemia, Pernambuco teve o segundo melhor desempenho no enfrentamento à covid-19. O Estado, além de colocar suas contas em dia, garante investimentos de R$ 5 bilhões. mil quilômetros de estradas já recuperados. Estamos a todo vapor procurando dar conta da qualidade de vida do povo, pernambucano, apesar de termos um ambiente econômico muito ruim. Quando essas coisas vierem com mais força, acho que vamos, sim, garantir os indicadores para Danilo chegar ao segundo turno e ganhar as eleições

Desmonte
Primeiro é o estado de espírito do povo, é um retrocesso muito grande que estamos vivendo em nível nacional com o desmonte de políticas públicas, na prática a gente se sente órfão. A agricultura familiar foi simplesmente desmontada. Pernambuco tem uma diversidade cultural muito grande, mas o Ministério da Cultura foi desmontado, todas as leis de incentivo à cultura foram arrancadas a forceps. todas vetadas por Bolsonaro e nem por isso deixamos de financiar a riqueza e a produção cultural do estado. Quando houve a pandemia nós tivemos que lutar pelo auxílio. Foi a oposição que garantiu o auxílio passar de R$ 200 para R$ 600 e Danilo participou disso. Então, é um conjunto de fatores: crise simultânea, estado de espírito e, de fato nós tivemos pouca capacidade de fazer com que a população visualizasse esse conjunto de entregas

Perfis diferenciados
Além desse estado de espírito, a gente teve dificuldade de poder capitalizar os feitos, as entregas,  É um reconhecimento que a gente está fazendo. Normalmente no processo eleitoral você consegue reverter isso e a população passa a enxergar. .É um esforço que a gente está procurando fazer.  A própria covid dificultou uma maior circulação no Estado. A gente tem o coração tranquilo, a cabeça erguida para olhar no olho do pernambucano e dizer que nós enfrentamos as situações que dizem respeito à qualidade de vida do povo pernambucano. No enfrentamento dos indicadores nacionais, a gente cresce o dobro do Brasil. Mesmo na violência, há diminuição dos homicídios quando comparado com os do Brasil. Penso que Paulo (Câmara) foi o governador certo para o tempo certo. Dificilmente alguém que não tivesse o perfil técnico dele, com a capacidade administrativa, resistiria a tantas intempéries que nós atravessamos. Agora nós temos um perfil mais político, de alguém que participa da política nacional. Vamos viver uma nova realidade para nosso tempo, associada a uma possibilidade de nós, com Lula, reeditarmos o ponto alto que Pernambuco viveu, com empreendimentos, como foi a refinaria de petróleo, a instalação da fiat, intervenções que mudaram a matriz econômica do Estado. Penso que tudo isso vai ajudar a criar um novo ambiente político, com novas possibilidades. Isso ainda está nebuloso na visão do eleitorado: o que nós somos? qual o nosso DNA? qual o nosso histórico e para onde nós vamos?

Mudança de estratégia
Primeiro, precisamos fazer mais debate das contradições de nossos adversários. Até agora a gente faz uma campanha muito propositiva, até porque embora Danilo tenha toda uma trajetória ele nunca disputou eleição majoritária, era um candidato desconhecido. A campanha é curtíssima - são apenas 45 dias - e precisamos apresentar seu histórico. A 23 dias já vi muitas coisas acontecerem. Mas ainda há espaço para isso. Na fotografia de hoje, a eleição se dará em segundo turno, e nós temos a chance de chegar ao segundo turno. Esse é o foco da gente. Já é uma estratégia em curso. Agora é hora de dizer quem é quem nesse cenário, quem está servindo a que e para onde vão essas candidaturas. 

Confusão política
Temos quatro adversários: um assumidamente bolsonarista, que é Anderson (Ferreira); um que não assume direito, mas que na prática tem relação direta porque é filho do líder do governo até agora (Miguel Coelho); tem uma candidatura que navega um pouco com o PSDB, que é a de Raquel, como Simone Tebet; e a de Marília, que embora seja do Solidariedade, se associa a uma chapa que tem cara de centrão, com André (de Paula) e Sebastião Oliveira. E as pessoas ainda não têm essa identidade. Porque até recentemente, Marília foi do Partido dos Trabalhadores. É preciso debater, politizar, elevar o debate da campanha. Essa confusão política ainda não está clara para as pessoas. E mesmo que Lula tenha falado que Danilo é seu candidato, faz pouco tempo que Marília deixou o PT.

Efeitos do guia
Tanto Danilo quanto Teresa não eram muito conhecidos, embora sejam líderes qualificados. Nesse primeiro momento, cada qual fez um esforço de apresentação. Agora vai ser preciso fazer a ligação dessas candidaturas (quando Teresa Leitão avançou nas pesquisas, mas Danilo se manteve no mesmo patamar) e explorar as contradições dos adversários. Até agora não fizemos uma abordagem de embate. Precisamos fazer as comparações com ênfase agora, para disputar o voto através do conhecimento do eleitor, afirmando suas ideias e localizando seu espaço político num embate tão estratégico e num momento histórico tão decisivo do país. Não podemos tergiversar. Precisamos ter lado. E o lado é o que colabora com a mudança que o Brasil precisa, que é o de Lula presidente para a gente virar essa página tão nefasta na história do país.

Papel de vice
Isso nunca foi pautado (apontar contradições de Marília para evitar que o candidato Danilo fizesse isso e fosse apontado como machista ou misógino). Não foi dito para eu ser do ataque. Sempre digo que jogo em todas as posições na luta política porque sou do projeto coletivo. Sou presidente nacional do partido (PCdoB), participo da coordenação nacional da campanha de Lula, é natural que eu ajude no debate mais amplo. Penso ser uma necessidade ganhar as eleições por ser o melhor caminho para o povo pernambucano. Tenho disposição para fazer o debate político, para esclarecer, para convencer.

Considerações finais
Agradecer à Folha, aos ouvintes. E dizer que vamos vencer as eleições 

 

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