Edilson revela mágoa com o PT e opta por neutralidade no segundo turno
Ao compartilhar o texto em sua conta no Facebook, o deputado e principal liderança do PSOL no Estado, deputado Edilson Silva, foi criticado por alguns internautas por não declarar apoio a João Paulo. Ele chegou a comentar que o PT optou por votar nulo ou por Guilherme Uchoa (PDT) à Presidência da Assembleia Legislativa do Estado, em 2015. O psolista também foi candidato ao cargo.
Leia a nota na íntegra do PSOL:
O PSOL Recife vem agradecer pelos votos recebidos e a toda militância que se envolveu bravamente em nossas campanhas. Sentimo-nos duplamente vitoriosos. Nossa chapa proporcional elegeu Ivan Moraes como nosso primeiro vereador na capital. Paralelo a isto, conseguimos fazer uma campanha que aglutinou em torno de nossas candidaturas majoritárias e proporcionais segmentos importantes das lutas sociais que nossa cidade empreende. Nossa campanha serviu de plataforma para a reorganização das forças progressistas, honestas e democráticas de nossa cidade, constituindo uma importante maioria moral na cidade. Ressaltamos também a consolidação do PSOL como alternativa real a esquerda, dinâmica que se revela em outras capitais e cidades médias, como o Rio de Janeiro, Belém e Sorocaba.
Mas apesar destas vitórias as eleições municipais foram marcadas pela desproporcionalidade nos tempos das propagandas eleitorais, pela ausência de debate político e pela manipulação da grande mídia. Nossos proporcionais ficaram praticamente sem propaganda e nossos majoritários com apenas 13 segundos, fruto de uma contrarreforma eleitoral idealizada por Eduardo Cunha e aprovada com os votos dos grandes partidos que não querem a renovação na política: PSDB, PMDB, PT e outros.
No Recife, escandalosamente, nenhuma rádio promoveu debates entre os candidatos. Das TVs, apenas a Globo realizou e, mais uma vez, com as regras idealizadas por Eduardo Cunha, nos excluiu. Nos muitos debates promovidos por entidades e faculdades, os candidatos do PSB e PT se ausentaram, apostando nas regras antidemocráticas para saírem-se do debate público.
As compras de votos ampliaram-se. Denúncias feitas pelo PSOL à Justiça Eleitoral não encontraram providências pelo aparato policial, caso para ser investigado por nós. O resultado deste conjunto de fatores está expresso no conservadorismo e no reacionarismo da maioria eleita para a Câmara Municipal.
Foram para o segundo turno duas candidaturas que não se apresentam como portadoras de solução para os graves problemas que nossa cidade enfrenta. Recife é referência constrangedora em tuberculose, hanseníase e microcefalia. É a capital mais desigual socialmente do país. Os números da educação municipal também são constrangedores. Mas tudo isto é subproduto da política feita como negócio e para os amigos da administração, prática que temos visto ao longo das últimas décadas e mais precisamente nos últimos 16 anos, quando PT, PSB e PC do B estão se revezando no poder.
As duas candidaturas, do PSB e do PT, atuam em coalização com forças conservadoras e que atentam contra o necessário estado laico e o atendimento das demandas do feminismo e das pessoas LGBTTI. As duas candidaturas representam projetos afundados em denúncias de corrupção. As duas candidaturas apostam na restrição da democracia para perpetuarem-se como únicas alternativas políticas à sociedade.
Recife, por tudo que representa, por sua história, não merecia estar diante desta disjuntiva entre projetos tão similares. Contudo, o PSOL não é um partido de abster-se dos processos políticos. Neste momento, olhamos não apenas os candidatos ou seus partidos, mas também as forças sociais e atores políticos que estão na base eleitoral e na sustentação política de cada candidatura.
A candidatura de Geraldo Júlio (PSB) representa uma dinâmica de retrocesso às oligarquias, de aprofundamento da despolitização da política e consequentemente de atrofiamento da democracia. As bases sociais e políticas que o sustentam conscientemente atentam contra o que já foi conquistado em termos de patamares civilizatórios pela nossa sociedade.
O projeto representado na candidatura de Geraldo Júlio (PSB) significa o que existe de pior como alternativa eleitoral neste segundo turno. Neste sentido, a Direção Municipal do PSOL Recife orienta a todos e todas que se referenciam em nossas posições políticas a atuarem no segundo turno com a seguinte consigna: “NENHUM VOTO EM GERALDO JÚLIO”. Os eleitores e eleitoras do PSOL são livres, obviamente, para fazerem seu juízo de valor e optar pelas opções possíveis nesta etapa das eleições.
A Direção Municipal também estabelece que o PSOL será oposição programática e republicana a qualquer governo que saia das urnas. Manteremos sempre nossa independência e autonomia, sem cargos ou quaisquer benesses que possam caracterizar vinculo com o governo eleito.
Recife, 06 de outubro de 2016
Direção Municipal do PSOL Recife